Estivemos com Darshan Ram na Ilha de Itaparica (Bahia) e ouvimos um pouco de suas memórias transatlântikas ...
Darshan Ram: Em Busca de Minha Africanidade |
Eu me chamo Darshan Ram Singh. Este é meu nome dentro da Kundalini Yoga.
Eu sou de Cabo Verde. Nasci na Ilha do Fogo e estou há quase 8 anos morando no Brasil, em Fortaleza.
Fiz uma formação em Comunicação Social mas não atuo muito na área. Agora tô terminando uma outra formação em Pedagogia e tô ensinando Kundalini Yoga, trabalho com terapias como Reike, Numerologia ...
Então ... Eu queria falar um pouco da minha jornada, da minha busca pela Afrika ... parece meio estranho ... "Como Assim? Você Nasceu Na Áfrika ... e busca a Áfrika?"
Meio estranho ... porque se eu busco é porque não tenho algo, porque talvez está faltando alguma coisa ...
Na verdade eu tava sem a minha identidade afrikana. Cabo Verde em si é um país que tem uma crise de identidade por não sabermos quem nós somos.
Segundo a história, Cabo Verde foi um país onde não tinha um povo morando lá antes da chegada dos colonos portugueses ... Então não tinha um povo nativo que a gente podia pegar e assumir a sua identidade.
Em Cabo Verde chegaram vários africanos de diferentes comunidades e Cabo Verde serviu como um armazém, onde se guardavam os afrikanos que chegavam da costa, para depois serem transportarem para as Américas, Brasil, Estados Unidos e outras ilhas do Caribe, Cuba, Jamaica ...
Então este é o começo da estória de Cabo Verde nestes últimos 500 anos... E com as misturas de várias etnias africanas, junto com os portugueses, nasceu o povo cabo-verdeano, nasceu o povo da mistura de raças e gerou uma nova raça, que, ao mesmo tempo, não é uma nova raça, mas a continuação de mesmas linhagens...
Então dentro do cabo-verdeano você vai encontrar a presença de povos afrikanos, como vai também encontrar a presença dos europeus. E por causa disso, tem uma confusão "Eu sou o Quê, então? Quem sou eu dentro desta mistura? Para onde que eu puxo? Por onde eu Pego?"
Um lado maltratou você ... você vai ter tendência a ignorar ou vai achar que é melhor abraçar?
E o seu lado afrikano ... Como você fica? Com qual etnia?
Então é uma confusão em que você diz "Eu Sou Afrikano, mas o meu Bisavô era europeu..." ou "Eu Sou Europeu, mas meus pais eram Afrikanos"... Então, o mesmo caso que vamos encontrar aqui no Brasil ... a mistura do indígena, do afrikano em si e do europeu ... estes três povos que geraram o brasileiro.
O mesmo diálogo da crise de identidade que temos em Cabo Verde a gente acaba encontrando ele aqui, né?
Então, muitos Cabo Verdeanos assumem a identidade de Mestiço, que seria o Pardo aqui. E outros vão assumir a identidade afrikana, porque já são um pouquinho mais escuros ... e vai ter um que vai se identificar mais com a Europa, porque teve uma linhagem mais próxima de filhos de senhores que continuaram o povoamento de Cabo Verde...
E dentro desta história quero falar de um personagem que foi nosso líder Amílcar Cabral.
Mas Quem foi Amilcar Cabral?
Mas Quem foi Amilcar Cabral?
Foi um intelectual que defendeu a identidade afrikana do povo caboverdeano.
O nosso espirito é afrikano, independentemente de termos mistura de outros povos, a nossa alma é afrikana. Ele defendeu essa linha. Deu a negritude para os caboverdeanos. Trouxe a Afrika para Cabo Verde. Cabo Verde são dez ilhas ... e teve momentos na nossa história que não tinha contato entre as ilhas. Você nascia, crescia e morria na sua ilha, sem ter contato com outras ilhas ... Então cada ilha vai ter uma influência diferente da outra.
Então, Amílcar Cabral começou a luta por volta de 1965 até chegar a nossa independência em 1974.
Com a nossa independência, começou uma nova história depois de 500 anos de colonização ... E graças a Amílcar Cabral nós conseguimos conquistar a nossa independência, mas infelizmente não foi uma independência da mente, nem econômica, a gente ficou quase a mesma coisa, mas com nossa bandeira, nosso hino, mas do resto continuou quase a mesma coisa...
Cabral trouxe mais afrikanidade para Cabo Verde, ele era filho de pais caboverdeanos, mas nascido na Guiné Bissau, mas considerava estes dois países como irmãos e lutou por estes dois países contra o governo colonial.
Então temos a referência de Cabral quando assumimos a nossa identidade afrikana.
E vão ter outros pensadores que vão dizer "Cabo Verde não é Afrika, Cabo Verde não é Europa. Cabo Verde é Cabo Verde. Nós queremos ser Caboverdeanos".
Em Cabo Verde existe muita gente que diz Eu não sou afrikano...
Então, eu dentro desta história nasci. Meus pais e a sociedade nunca me ensinaram quem eu era, qual era a minha Identidade .... E eu morei 19 anos em Cabo Verde, antes de sair para fora.
Quando eu migrei para os Estados Unidos aí que foi o despertar do meu interesse de buscar a minha afrikanidade, porque até então eu não sabia que eu era afrikano.
Por ter uma Pele menos escura do que os meus irmãos, isso acabou me levando para outra parte da idéia do que eu era. Então, eu não me assumia como afrikano, não me assumia como negro, eu não sabia o que era isso .. ser negro, ser afrikano ... porque não tinha um debate sobre estes assuntos, não se falava sobre estas coisas.
Com meus 18, 19 anos, quando cheguei nos Estados Unidos eu tive um choque. Porque nos Estados Unidos tem dois conceitos: ou Você é Branco ou Você é Negro. Não importa se a sua tonalidade de pele é tão clara ... não importa! Desde que você não é branco, você é Negro. Você pode ser escuro, escuro ... ou você marronzinho... vocês estão no mesmo bote. Bem diferente daqui, que tem essa divisão de pardo, de não sei o quê ... Então aí comecei a me questionar: Quem Sou Eu? Quem Eu Sou?
E aí começou o meu interesse de começar a estudar Áfrika nos Estados Unidos, e não na própria Áfrika.
Comecei a estudar a história da Áfrika, comecei a estudar escritores, mergulhei e comecei a resgatar a minha identidade afrikana, e depois de vários estudos, questionamentos, diálogos, leituras ... depois de chegar à minha consciência terrestre ... depois disso comecei a fazer programas de rádio sobre cultura e história afrikana.
Então depois que eu comecei a aprender, comecei a compartilhar a história com meus outros irmãos, que também não sabiam desta parte da história que a história nunca nos ensinou na Escola. Sempre nos ensinou a historia da Grécia e de Roma e por aí parou. Nunca pulou o passo para frente ou para trás para nos ensinar o outro lado, então como eu nunca tive contato com nossa verdadeira história, comecei a compartilhar o pouco que ia aprendendo.
Então comecei a fazer um programa de rádio sobre historia e cultura para a comunidade de caboverdeanos que moravam na área de Boston, 2003, 2004 ... fiz este programa por dois anos. Aí a minha busca dentro da cultura Rastafari me ajudou a resgatar essa identidade. Graças ao Rastafarismo me senti mais perto da Afrika, dos conceitos da História, escritores desde Marcus Garvin, Malcon X ... e me tornei um radical dentro do Movimento Negro. Radical ao Extremo, porque comecei a odiar a mim mesmo, em primeiro lugar, antes de me auto-conhecer, comecei a odiar os brancos, comecei a acreditar na supremacia negra, que é uma delineagem Rastafari ortodoxo, que ensinava a supremacia negra e fiz vários trabalhos dentro desta área.
Depois regressei para Cabo Verde, depois de sete anos nos Estados Unidos, voltei para minha terra.
Quando voltei, passei um ano em Cabo Verde, fiz alguns trabalhos sociais com teatro e tal ... e vim aqui para o Brasil.
Chegando aqui no Brasil, outro choque, ahahaha ! Já tá imaginando o que é ... ahahaha!
Um outro choque de pensamento!
Depois de tanto trabalho de convencer a minha pessoa ... ahahaha .... Eu via a minha pessoa desta cor aqui (e aponta para um computador da cor preta) ... Para mim eu era dessa cor aqui! Quando eu falo que eu sou negro, eu me via na minha mente assim! Eu sou negro mesmo!
Mas chegando aqui no Brasil o primeiro choque que eu tive: Você não é Negro!
Poxa, cara .... Depois de todo essa luta ... ahahaha ... essa consciência!!! Lutei pra caralho, li coisas, até eu derrubar a minha consciência antiga ! "Não! Aqui você não é Negro! Aqui você é Moreno!" ahahaha !!! Aí em Fortaleza em ouvi: "Aqui você é Moreno, no máximo ... Uma vez me encontrei com um senhor no supermercado que me disse: "Você Branco!"
Nossa ... que tristeza! ahahaha !!! Tanta luta! Não serviu pra nada!!!! ahahaha
Então eu recebi esse choque dessas duas polaridades ... e eu de novo no meio disso ... até começar a assustar um pouco as pessoas pelo meu diálogo, né? Porque eu falava tão preto, que era mais preto que aquelas pessoas de pele preta.
As pessoas ficavam com medo de mim em Fortaleza. Não me convidavam para Rodas de Conversa porque eu era o cara negro extremista, radical ... E as pessoas tinham medo de me convidar, porque "Se o Darshan chegar aqui ele vai botar todo mundo horrorizado" ... E ao mesmo tempo eles não me convidavam porque eu não tinha cara de africano, não tinha pele afrikana ... eles queriam uma presença africana, que você vê e diz: "Ó ... Esse aqui é Afrikano!" Comigo as pessoas ficavam na dúvida ... "De onde será que ele é, né?"
Então esse foi o meu choque! Porque aqui as pessoas têm uma identidade não à base da origem, mas à base da aparência ... eu sou negro por causa da minha aparência .... eu sou pardo por causa da minha aparência ... não tem uma cultura que te pergunta: "De onde você veio? Qual a sua origem?" A cultura daqui é a aparência! Você é negão porque a sua pele é escura, você é pardo porque você tá no mais ou menos, você é cabo verde, porque você é preto e tem cabelo liso ... Isso eu compreendi aqui na Bahia. Então esses foram os choques da minha experiência, que não é singular, que não é única ... tem vários irmãos e irmãs que passaram pela mesma trajetória, que por aqui passaram ...
Então o Brasil me trouxe mais uma vez esse questionamento: Quem eu sou? Nos Estados Unidos eu sou negro, mesmo se eu não quiser... Em Cabo Verde isso tem muita semelhança com o Brasil ...
É interessante porque nos últimos dez anos eu sempre trabalhei em prol da Afrika e acho que não fiz nada ... Acho que a coisa mais importante que eu fiz foi plantar um Pé de Baobá!
Então a minha história dentro da minha busca pela minha afrikanidade me tornou uma pessoa bastante diferente daquele cara de dez anos atras ... Hoje Eu não sou mais militante do militante negro, não sou mais um radical, não sou mais um extremista negro!
Hoje eu sou militante da espiritualidade ... Não importante a sua cor, a sua raça, de onde você veio... a gente é uma família humana. E isso não quer dizer que vai acabar o racismo, que vai acabar a discriminação, nem quer dizer que eu deixei de ser quem eu sou. Para o resto de minha vida aqui na Terra serei negro, serei caboverdeano. Ser quem nos somos é o mais importante!
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a r v o r e d a m e m o r i a
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Barra Grande de Itaparica, Bahia
Maio de 2019
Então, eu dentro desta história nasci. Meus pais e a sociedade nunca me ensinaram quem eu era, qual era a minha Identidade .... E eu morei 19 anos em Cabo Verde, antes de sair para fora.
Quando eu migrei para os Estados Unidos aí que foi o despertar do meu interesse de buscar a minha afrikanidade, porque até então eu não sabia que eu era afrikano.
Por ter uma Pele menos escura do que os meus irmãos, isso acabou me levando para outra parte da idéia do que eu era. Então, eu não me assumia como afrikano, não me assumia como negro, eu não sabia o que era isso .. ser negro, ser afrikano ... porque não tinha um debate sobre estes assuntos, não se falava sobre estas coisas.
Com meus 18, 19 anos, quando cheguei nos Estados Unidos eu tive um choque. Porque nos Estados Unidos tem dois conceitos: ou Você é Branco ou Você é Negro. Não importa se a sua tonalidade de pele é tão clara ... não importa! Desde que você não é branco, você é Negro. Você pode ser escuro, escuro ... ou você marronzinho... vocês estão no mesmo bote. Bem diferente daqui, que tem essa divisão de pardo, de não sei o quê ... Então aí comecei a me questionar: Quem Sou Eu? Quem Eu Sou?
E aí começou o meu interesse de começar a estudar Áfrika nos Estados Unidos, e não na própria Áfrika.
Comecei a estudar a história da Áfrika, comecei a estudar escritores, mergulhei e comecei a resgatar a minha identidade afrikana, e depois de vários estudos, questionamentos, diálogos, leituras ... depois de chegar à minha consciência terrestre ... depois disso comecei a fazer programas de rádio sobre cultura e história afrikana.
Então depois que eu comecei a aprender, comecei a compartilhar a história com meus outros irmãos, que também não sabiam desta parte da história que a história nunca nos ensinou na Escola. Sempre nos ensinou a historia da Grécia e de Roma e por aí parou. Nunca pulou o passo para frente ou para trás para nos ensinar o outro lado, então como eu nunca tive contato com nossa verdadeira história, comecei a compartilhar o pouco que ia aprendendo.
Então comecei a fazer um programa de rádio sobre historia e cultura para a comunidade de caboverdeanos que moravam na área de Boston, 2003, 2004 ... fiz este programa por dois anos. Aí a minha busca dentro da cultura Rastafari me ajudou a resgatar essa identidade. Graças ao Rastafarismo me senti mais perto da Afrika, dos conceitos da História, escritores desde Marcus Garvin, Malcon X ... e me tornei um radical dentro do Movimento Negro. Radical ao Extremo, porque comecei a odiar a mim mesmo, em primeiro lugar, antes de me auto-conhecer, comecei a odiar os brancos, comecei a acreditar na supremacia negra, que é uma delineagem Rastafari ortodoxo, que ensinava a supremacia negra e fiz vários trabalhos dentro desta área.
Depois regressei para Cabo Verde, depois de sete anos nos Estados Unidos, voltei para minha terra.
Quando voltei, passei um ano em Cabo Verde, fiz alguns trabalhos sociais com teatro e tal ... e vim aqui para o Brasil.
Chegando aqui no Brasil, outro choque, ahahaha ! Já tá imaginando o que é ... ahahaha!
Um outro choque de pensamento!
Depois de tanto trabalho de convencer a minha pessoa ... ahahaha .... Eu via a minha pessoa desta cor aqui (e aponta para um computador da cor preta) ... Para mim eu era dessa cor aqui! Quando eu falo que eu sou negro, eu me via na minha mente assim! Eu sou negro mesmo!
Mas chegando aqui no Brasil o primeiro choque que eu tive: Você não é Negro!
Poxa, cara .... Depois de todo essa luta ... ahahaha ... essa consciência!!! Lutei pra caralho, li coisas, até eu derrubar a minha consciência antiga ! "Não! Aqui você não é Negro! Aqui você é Moreno!" ahahaha !!! Aí em Fortaleza em ouvi: "Aqui você é Moreno, no máximo ... Uma vez me encontrei com um senhor no supermercado que me disse: "Você Branco!"
Nossa ... que tristeza! ahahaha !!! Tanta luta! Não serviu pra nada!!!! ahahaha
Então eu recebi esse choque dessas duas polaridades ... e eu de novo no meio disso ... até começar a assustar um pouco as pessoas pelo meu diálogo, né? Porque eu falava tão preto, que era mais preto que aquelas pessoas de pele preta.
As pessoas ficavam com medo de mim em Fortaleza. Não me convidavam para Rodas de Conversa porque eu era o cara negro extremista, radical ... E as pessoas tinham medo de me convidar, porque "Se o Darshan chegar aqui ele vai botar todo mundo horrorizado" ... E ao mesmo tempo eles não me convidavam porque eu não tinha cara de africano, não tinha pele afrikana ... eles queriam uma presença africana, que você vê e diz: "Ó ... Esse aqui é Afrikano!" Comigo as pessoas ficavam na dúvida ... "De onde será que ele é, né?"
Então esse foi o meu choque! Porque aqui as pessoas têm uma identidade não à base da origem, mas à base da aparência ... eu sou negro por causa da minha aparência .... eu sou pardo por causa da minha aparência ... não tem uma cultura que te pergunta: "De onde você veio? Qual a sua origem?" A cultura daqui é a aparência! Você é negão porque a sua pele é escura, você é pardo porque você tá no mais ou menos, você é cabo verde, porque você é preto e tem cabelo liso ... Isso eu compreendi aqui na Bahia. Então esses foram os choques da minha experiência, que não é singular, que não é única ... tem vários irmãos e irmãs que passaram pela mesma trajetória, que por aqui passaram ...
Então o Brasil me trouxe mais uma vez esse questionamento: Quem eu sou? Nos Estados Unidos eu sou negro, mesmo se eu não quiser... Em Cabo Verde isso tem muita semelhança com o Brasil ...
É interessante porque nos últimos dez anos eu sempre trabalhei em prol da Afrika e acho que não fiz nada ... Acho que a coisa mais importante que eu fiz foi plantar um Pé de Baobá!
Então a minha história dentro da minha busca pela minha afrikanidade me tornou uma pessoa bastante diferente daquele cara de dez anos atras ... Hoje Eu não sou mais militante do militante negro, não sou mais um radical, não sou mais um extremista negro!
Hoje eu sou militante da espiritualidade ... Não importante a sua cor, a sua raça, de onde você veio... a gente é uma família humana. E isso não quer dizer que vai acabar o racismo, que vai acabar a discriminação, nem quer dizer que eu deixei de ser quem eu sou. Para o resto de minha vida aqui na Terra serei negro, serei caboverdeano. Ser quem nos somos é o mais importante!
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a r v o r e d a m e m o r i a
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Barra Grande de Itaparica, Bahia
Maio de 2019
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