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Música Popular Brasileira


- O PRINCÍPIO DA MÚSICA UNIVERSAL POR Hermeto Pascoal >>>


A música universal de Hermeto Pascoal


>>> AUTÓCTONE: O papel do indígena na construção da identidade da música popular brasileira :::

                          

>>> ABOIO :::
O aboio é um canto nordestino que os vaqueiros usam para contar suas histórias e a dos seus companheiros, e que está presente no dia a dia dos homens que ganham a vida tangendo gado na Caatinga. O aboio acompanha os vaqueiros nas atividades diárias e no meio da Caatinga é usado para reunir o gado. Deroaldo de Carvalho, o Seu Deiró, é vaqueiro desde os 13 anos, herdou a profissão do pai e aprendeu a aboiar ainda menino. Elegarante que os animais conseguem compreendê-lo. “A gente coloca os apelidos nos animais e eles atendem por aquele apelido, igual a uma pessoa”, diz. “Cada vaca tem seu apelido e quando a gente chama, tem algumas delas que chegam ao ponto de berrar”, revela. Não se sabe a data exata de quando surgiram os primeiros aboios, o certo é que na lida com o gado ou no encontro com os companheiros de profissão, o canto próprio dos vaqueiros sempre está presente. Quando os vaqueiros aboiadores se encontram, há sempre o desafio: um improvisa alguns versos, outro responde e assim a reunião vai ficando animada. Entre tantos aboiadores, há somente uma mulher: Adelina Maria da Conceição, a Dona Adelina, dona de casa e esposa de vaqueiro. Ela aprendeu sozinha a arte de entoar o canto do sertão. “Eu ouvia no rádio, eu via vaqueiro aboiar, aí fui entoando na cabeça, foi me dando aquela invocação, e aí nesse dia eu comecei”, conta. As letras dos aboios na maioria das vezes fala do universo do homem que trabalha no meio da Caatinga. José Fagner, ou Zezinho Aboiador, é um apaixonado pelas toadas e se inspirou em outros aboiadores para fazer desta profissão o seu modo de vida. “Desde menino que eu comecei a escutar Vavá Machado e Marculino, comecei a me identificar com isso, comecei a observar que era o que eu queria, que era o meu sonho”, lembra. “Escutar estes homens me deu muita inspiração e comecei a fazer um repente, me inspirando neles – no Galego Aboiador também – e hoje é um prazer muito grande para mim poder fazer estes repentes”, revela. A cultura do aboio não é ensinada na escola. Ela é passada de pai para filho, de avô para neto. Luiz Eduardo, de quatro anos, e seu primo Eric Fernando, de seis, são netos de Seu Luiz Antônio dos Santos, vaqueiro há 50 anos, e que não esconde o orgulho de ver os meninos seguindo seus passos. “A gente fica contente. É uma semente que a gente está plantando e que quero colher bem colhida. Com fé no poder de Deus, eles vão seguir. Vão estudar, vão ficar melhor que eu. Vão estudar e seguir a vida do campo, se Deus quiser”, espera.



>>> BANDAS DE PÍFANO :::
É um conjunto instrumental de percussão e sopro, dos mais antigos, característicos e importantes da música folclórica brasileira. Historicamente o pífano remonta à época dos primeiros cristãos, que tinham no pífano, pifes ou pífora, uma maneira de saudar a Virgem Maria nas festas natalinas. Na feição nordestina a banda de pífanos é uma criação do mestiço brasileiro, que com sua criatividade e intuição musical adaptou o instrumental, dando-lhe a forma típica pela qual é conhecida no folclore brasileiro. Assim como a sua denominação varia, a sua composição também tem sensíveis diferenças, mas seus instrumentos básicos são dois pífanos, um surdo, um tarol e um bombo ou zabumba.  Em Pernambuco, é composta por dois pífanos, uma caixa, um bombo, um surdo e um tambor.  Em Alagoas, além dos instrumentos básicos acrescenta-se um par de pratos e em certos grupos um triângulo e até um maracá para maior sonoridade.  No Ceará, também acrescentam-se prato e triângulo e em Sergipe o triângulo e o ganzá.  Em Goiás, a Banda de Couro, como é chamada, é composta por bombo, caixa ou tarol e viola.

>>> BAIÃO ::: 
Baião é um gênero de música e dança popular da região nordestina brasileira, derivado de um tipo de lundu, denominado "baiano". Os instrumentos musicais mais utilizados para a execução do baião são: viola caipira, triângulo, flauta doce, sanfona, zabumba  e rabeca. 
Os sons destes instrumentos são intercalados ao canto e a temática principal do baião é o cotidiano dos nordestinos e as dificuldades da vida.  
O primeiro momento de projeção nacional da música nordestina aconteceu na virados dos anos 40 para os 50, quando o sanfoneiro Luís Gonzaga começou a difundir o baião no Rio de Janeiro, a partir de 1946. Alcançou muito sucesso nacional e teve seu declínio com o surgimento da bossa nova, no final da década de 50. Segundo Guerra Peixe, o baião possui uma escala que vai de dó a dó, com as seguintes variações: 
todos os graus naturais (jônio); sétimo grau abaixado Bb (mixolídio); com o quarto grau aumentado - F# (lídio); a mistura de todos os modos acima citados.
 
>>> BOSSA NOVA :::
Movimento musical brasileiro nascido nos anos 50, através de jovens músicos da zona sul carioca. 
O nome deriva de uma nova maneira de cantar o samba, uma reformulação estética dentro do samba carioca urbano. Oficialmente a bossa nova começou num dia de agosto de 1958 com o disco Chega de saudade do cantor João Gilberto. Unanimemente reconhecido como papa do estilo, João criou a célebre batida da bossa, sincopada no tempo fraco pelos bateristas. Para desembocar na revolução harmônica sintetizada na voz & violão do baiano nascido em Juazeiro, muitos acordes dissonantes (ironizados na canção manifesto Desafinado, de Tom e Newton Mendonça) foram disparados. O grande detalhe desconhecido da maioria das pessoas é que a batida que João Gilberto faz no violão é toda inspirada em claves da música afro-baiana proveniente dos terreiros de candomblé.
Outros nomes marcantes do movimento: Agostinho dos Santos, Alaíde Costa, Aloysio de Oliveira, Antonio Carlos Jobim, Astrud Gilberto,  Baden Powell, Billy Blanco, Caetano Veloso, Carlos Lyra, Chico Buarque, Chico Feitosa, Dick Farney, Dolores Duran, Dorival Caymmi, Durval Ferreira, Ed Lincoln, Edu Lobo, Elis Regina, Elizete Cardoso, Eumir Deodato, Francis Hime, Geraldo Cunha, Gilberto Gil, Jair Rodrigues, Johnny Alf, João Donato, João Gilberto, Jongo Trio, Jorge Benjor, Luiz Bonfá, Luiz Eça, Lucio Alves, Lula Freire, Luvercy Fiorini, Marcos Valle, Mauricio Einhorn, Maysa, Matarazzo, Milton Nascimento, Banana Trio, Miúcha, Moacir Santos, Nara Leão, Newton Mendonça, Os cariocas, Oscar Castro, Neves Pacífico, Paulo Sérgio Valle, Quarteto em Cy, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Rosa Passos, Ruy Guerra, Sérgio Mendes, Sérgio Ricardo, Silvio César, Sylvia Telles, Taiguara, Tamba Trio, Tito Madi, Toquinho, Vinícius de Moraes, Wanda Sá, Wilson Simonal, Zé Kéti, Zimbo Trio
                               
                              

>>> CABOCLINHOS :::
Manifestação popular de origem pernambucana, muito comum nos carnavais do estado, os caboclinhos expressam um forte sentimento nativista. São homens, mulheres e crianças que apresentam vigorosas coreografias em ritmo marcado pelo estalido das preacas (espécie de arco e flecha de madeira). 
A religião está presente na manifestação por meio dos cultos indígenas, a pajelança, religião dos antepassados. É na Jurema ou Catimbó, como é popularmente conhecida, onde atua a maioria dos mestres e caboclos. Alguns grupos diferem desta linha, cultuando religiões afro-brasileiras, ligadas a terreiros de Xangô e Umbanda. 
A apresentação normalmente inicia com o porta-estandarte (podendo haver mais de um), seguido de dois cordões de caboclos e caboclas. No centro o cacique (responsável pelas coreografias) e a cacica (ou mãe da tribo). O desfile também conta com a presença do Pajé (ou curandeiro, orientador espiritual do grupo); Matruá (representa um feiticeiro); Capitão (chefe de uma das alas); Tenente (chefe da outra ala); Perós (crianças da tribo) e dos caboclos de baque.

 >>> CACURIÁ :::
Em 1975 o cacuriá passa a integrar o folclore maranhense. O cacuriá de caixas é uma dança folclórica muito conhecida em algumas regiões maranhenses, variando de nome, de região para região. No município de Guimarães (de onde veio para São Luís) é cacuriá, em Pinheiro, bambo de caixas, e em Penalva, baile de caixas. O batuque do cacuriá é muito semelhante ao do Divino Espírito Santo, mas as partes dançantes executam um ritmo muito engraçado, quando é formado de um cordão circular, com todos os pares e as caixeiras, saindo um casal de cada vez para o centro do círculo, e com um abano na mão, começam a dançar separados, chegando a se tocarem apenas com o abano, quando é feito o punga, e retornam ao cordão, dando lugar a outro par. As dançadeiras podem ser de qualquer idade, existe até 75 anos, e enquanto se desenvolve a dança, as caixeiras, em número de seis, cantam toadas ou desafio, de improviso, sendo acompanhadas, em coro, pelos dançantes. A dança do cacuriá é uma mistura de samba, marcha e valsa e "chorado", o que exige muito esforço físico para ser executada.  

>>> CALANGO :::

O calango é um desafio de versos cantados por um solista e repetidos pela plateia em coro.  Em ritmo quaternário, as danças e cantos têm como principal objetivo agradecer ao santo de devoção pela boa colheita, ou festejar e comemorar o dia do padroeiro. Pouco conhecido pelo Brasil, é uma dança muito popular em Minas Gerais, sobretudo no norte do estado ou na zona rural e no interior do Rio de Janeiro. O instrumento utilizado é a sanfona, acompanhada de viola e por vezes pandeiros. O seu ritmo pode ser binário ou quaternário,  conduzido por instrumentos como o pandeiro, a caixa, o reco-reco e o chocalho, constantemente batido como toada ligeira. O violão e cavaquinho também acompanham o conjunto musical. A melodia é invariavelmente a mesma, repetida a cada estrofe, seguindo um padrão de quatro ou seis versos improvisados, em que o primeiro verso deve rimar com o terceiro e o segundo deve rimar com o quarto e, quando houver, com o sexto verso, assim sucessivamente de acordo com a quantidade de versos.

>>> CANDOMBE MINEIRO :::

Uma das manifestações musicais mais primitivas de Minas Gerais sobrevive na comunidade do Açude, em meio às montanhas da Serra do Cipó.
Descendentes de escravos, a comunidade do Povo do Açude, como é conhecida essa gente, preserva até hoje um ritual sagrado de seus ancestrais: o candombe, uma tradição marcada pelo ritmo dos tambus, tambores moldados na madeira pelos escravos. Assim, o secular candombe sobrevive ao tempo na serra do Cipó. E ganhou o respeito de todos. “Meus avós me pediram para nunca deixar morrer a tradição”, diz a simpática Maria das Mercês Santos, 66 anos de idade, neta de escravos. Com a ajuda das irmãs Maria Geralda, 68 anos, e Vilma Zeferino, 69 anos, dona Mercês não permite que os tambus se calem. 
Os ancestrais das três matriarcas vieram do Congo, mais de 200 anos atrás. Na bagagem trouxeram a cultura africana. Os escravos chegaram à região para trabalhar nas lavouras da fazenda Cipó Velho, localizada a dois quilômetros de onde hoje está a comunidade do Açude. O candombe não tem data certa para ser celebrado na comunidade do Açude. “Só não tem quando chove, porque os tambus precisam ser afinados na fogueira”, diz dona Mercês. Eles ficam à beira do fogo desde o início da noite da festa, para que o couro estique a ponto de ganhar o timbre certo. Manifestação folclórica mais primitiva de Minas Gerais, o candombe tem origem no congado e é considerado a principal das oito guardas dessa manifestação vinda da África para reverenciar, com danças e batuques, Nossa Senhora do Rosário.

 

>>> CATIRA OU CATERETÊ :::

Assim como vários estilos musicais brasileiros, a catira nasce da fusão da dança com a música. Ao som da viola os catireiros entram para dançar com o "bate-pé e bate-mão", e dependendo da região podem ser incluídos pulos e volteios (Borges, 2009). Esses movimentos devem ser realizados no ritmo da música, o que cria efeito sonoro belo e ao mesmo tempo, bem particular à catira. A moda é cantada entre toques para o descanso dos dançarinos, desenvolvida ao som da viola caipira, possuindo letras diversas, mas normalmente relacionadas à vida no campo, causos e brincadeiras.

 

>>> CAVALO MARINHO :::

O Cavalo Marinho, como o Bumba-meu-boi, é uma aglutinação dos Reisados, uma espécie de ópera popular de origem pernambucana, realizada sobretudo no período natalino até o dia de reis, em janeiro. 

Ao longo do espetáculo são agrupados cantos, loas, personagens e parte do Boi de Reis. É um verdadeiro auto popular que fala da vida passada e presente do povo. 

Não há como ficar indiferente à apresentação desta brincadeira que fincou suas raízes nos costumes do povo da Zona Norte de Pernambuco. 

Tudo nos leva a achar maravilhoso esta manifestação do folclore pernambucano, desde a música com o seu som característico produzida pelos tocadores da rabeca, pandeiro, ganzá e reco-reco, que se parece muito com as toadas árabes. A história do Cavalo Marinho basicamente é a seguinte: os personagens Mateus e Bastião, que participam do início ao fim da brincadeira, são dois negros amigos, que dividem a mesma mulher, a Catirina, e estão à procura de emprego. Eles são contratados para tomar conta da festa. O espetáculo é costurado ou coordenado pelo Capitão, de quem se origina o nome do folguedo. O nome do capitão é Marinho e ele chega montado em seu cavalo, daí a história dá seu prosseguimento até o momento final, quando o boi é dividido entre os participantes numa grande farra. Ao todo são 76 personagens (humanos e animais), representados em 63 atos. 

                                              cavalo marinho

 


>>> CARIMBÓ DO PARÁ ::: 
Mais do que um gênero musical paraense, o Carimbó é uma das manifestações mais representativas da cultura amazônida. Segundo alguns pesquisadores, as contribuições da cultura indígena e da negra africana no Pará formaram as raízes do ritmo, que já teria mais de 200 anos de história. O Carimbó era e é tocado até hoje com o tambor deitado no chão e o músico sentado em cima para batucar com as mãos. Em 1767, o jesuíta Frei João Daniel escreveu sobre o ritmo cantado e dançado pelos índios Tupinambás, a partir de um tambor feito de madeira oca recoberto com pele de animal: o curimbó, que deu origem ao nome atual da música e dança. Além do registro, características demonstram sua originalidade indígena, como uso de maracás e flauta no acompanhamento da música, e na dança o pé arrastado e a postura arqueada. Porém, a semelhança com o batuque africano e o rebolado na dança, juntamente com as histórias transmitidas por comunidades do interior do Pará, remontam a origem do Carimbó para as comunidades de negros vindos do Maranhão ou fugitivos de fazendas da região. Suas letras são sempre compostas por versos curtos, que falam do dia-a-dia do pescador e do lavrador, dos seus trabalhos, dos seus amores, da sua preocupação com o meio ambiente. 

>>> CHORINHO ::: 
O Choro ou, como é mais conhecido, o Chorinho, é um estilo musical próprio da esfera urbana no Brasil. É um ritmo instrumental produzido no âmago das classes populares, que remonta aproximadamente há 130 anos atrás. Os músicos que executam este gênero foram batizados de chorões, enquanto os grupos musicais são intitulados regionais. Ele é assim chamado por seu jeito lamentoso e choroso, embora seja caracterizado por uma musicalidade inquieta e eufórica, marcada pela habilidade excepcional dos instrumentistas na execução deste ritmo e também por seu poder de improvisação. Para tanto eles demandam muita dedicação, conhecimento e técnica, pois não é nada fácil de ser praticado. Os grupos eram normalmente constituídos por chorões que gravitavam em volta de um trio composto por flauta, responsável pelos solos; violão, que adotava a performance de um contrabaixo, sendo assim conhecido como ‘baixaria’; e cavaquinho, o qual criava a harmonia musical através do equilíbrio entre os acordes e os ornatos do trecho, que preservavam o tema principal. O pandeiro também era manipulado para marcar os aspectos rítmicos. O chorinho era chamado também de pau e corda, pois as flautas tao usadas por estes música eram então manufaturadas com o uso de ébano. 

>>> CÔCO :::
"O Côco também é chamado "bambelô" ou "zamba". O Côco, a exemplo de outras danças tipicamente brasileiras, apresenta grandes variedades de formas. Variadas são as modalidades, conforme o texto poético, a coreografia, o local e o instrumento de música. É um folguedo dançado na região praiana do Norte e do Nordeste. É uma dança de roda ou de fileiras mistas, de conjunto, de pares, que vão ao centro e desenvolvem movimentos ritmados, tendo como destaque o passo da umbigada que, ao ser realizado, anuncia a entrada de outros solistas no círculo. A percussão tem destacada presença na música da dança e é normalmente acompanhada por palmas e sapateados, hoje realizados com tamancos para imitar o barulho dos cocos quebrando. Sua origem é bastante discutida, há quem afirme que aqui tenha chegado na bagagem dos escravos africanos e há quem defenda a teoria de que ela seja o produto do encontro da raça negra com o nativo local. Conta-se a história que os negros para aliviar as dores do trabalho de quebrar os côcos secos com os pés e embalados pelo barulho que faziam, cantavam e dançavam. Apesar de mais freqüente no litoral, acredita-se que o Côco tenha surgido no interior de Alagoas, provavelmente no Quilombo dos Palmares, onde se misturavam escravos índios com africanos, no início da vida social brasileira (época colonial). A dança do Côco continua sendo a expressão de desabafo da alma popular, da gente mais sofrida do Nordeste brasileiro.

>>> JONGO

O jongo, ou caxambu é um ritmo que teve suas origens na região africana do Congo-Angola. Chegou ao Brasil-Colônia com os negros de origem bantutrazidos como escravos para o trabalho forçado nas fazendas de café do Vale do Rio Paraíba, no interior dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. A demanda por mão-de-obra para o trabalho na mineração e nas fazendas de café intensificou o tráfico negreiro. Com a decadência econômica de outras regiões do país, uma massa imensa de escravos imigrou para o Sudeste onde, em alguns momentos, mais da metade da população era formada por africanos, a maioria de ascendência bantu. A influência da nação bantu foi fundamental na formação da cultura brasileira. Para acalmar a revolta e o sofrimento dos negros com a escravidão e distrair o tédio dos brancos, os donos das isoladas fazendas de café permitiam que seus escravos dançassem o jongo nos dias dos santos católicos. Para esses negros africanos e seus filhos, o jongo era um dos únicos momentos permitidos de trocas e confraternização. Atualmente, a modalidade vocal do jongo não ocorre em separado da dança, senão raramente, nas conversas e brincadeiras entre jongueiros. Sabemos, graças à reconstrução histórica do jongo nas fazendas de café da região de Vassouras, entre 1850 e 1900, que o jongo podia ser cantado a qualquer hora, como passatempo durante o trabalho na plantação, por exemplo. Os descendentes desses trabalhadores forneceram a Stein informações valiosas sobre o jongo cantado em meio à faina nos cafezais. O líder de uma turma de lavradores lançava um canto, que era também uma charada, conforme todos percebiam. Ele cantava o primeiro verso e o restante de sua turma cantava em coro o segundo verso. O líder da turma vizinha tentava decifrar o enigma cantando e sua turma o acompanhava. Stein acrescenta: os jongos cantados em línguas africanas eram chamados quimzumba; os cantados em português, mais comuns à medida que diminuía o número dos velhos africanos na força de trabalho, visaria (Stein,1985:162).6

>>> IJEXÁ :::

O Ijexá é um ritmo de origem africana tocado nos candomblés da Bahia. Nas casas do axé, é tocado somente com as mãos, dispensando-se o uso dos aguidavis (as baquetas de percussão). O ritmo é suave e cadenciado, emoldurando a dança dengosa e sensual dos orixás Oxum e Logum. O gã (agogô) acompanha sempre os atabaques, marcando o compasso. De ritmo dos terreiros, o ijexá acabou também chegando ao carnaval, a partir da criação dos afoxés baianos (cortejos carnavalescos de adeptos do candomblé) no final do século XIX. Algumas pessoas e até mesmo alguns livros fazem certa confusão ao citar o afoxé como um ritmo. O afoxé é o cortejo - o ritmo que emoldura o cortejo é o ijexá. A expressão afoxé, inclusive, vem do iorubá àfose (encantação pelo som, pela palavra) . Os cubanos usam a expressão afoché para designar o ato de enfeitiçar alguém com o pó da magia.  Ao toque do Ijexá, os antigos afoxés buscavam encantar os concorrentes, desfilando pelas ruas em formato processional. O afoxé Filhos de Gandhi, fundado por ogãns de candomblé na década de 1940, até hoje se apresenta no carnaval ao som do ijexá - e começa sempre o cortejo tocando para Logun-Edé.

>>> LUNDU :::

 

Lundum ou Landum. Dança chula africana, usada também no Brasil. O dicionário da língua bunda por Conecatim tem landú, todavia a forma geralmente seguida é lundum.”
Tudo indica que o lundu tenha surgido no Brasil, mesmo sendo o resultado da mescla de elementos musicais.
O batuque era acompanhado pela percussão de instrumentos idiófonos ou membranófonos ou, mais comumente, pela batida das próprias mãos, empregando-se também a umbigada, recurso coreográfico que se difundiu por todo o país em gêneros que ainda são observados entre populações de origem negra. Já o lundu parece ter sido uma dança mais difundida socialmente, praticada entre negros, brancos e mulatos.

 



>>> MACULELÊ :::

O maculelê é uma manifestação cultural oriunda da cidade de Santo Amaro da Purificação, Bahia, berço também da capoeira. É uma expressão teatral que conta, através da dança e dos cânticos, a lenda de um jovem guerreiro, que, sozinho conseguiu defender sua tribo de outra tribo rival, usando apenas dois pedaços de pau, tornando-se herói da tribo. O instrumento fundamental dessa manifestação musical era o atabaque. Na época do Mestre Popó (considerado o pai do maculelê) eram usados três atabaques, como no candomblé. Outros instrumentos, como o agogô e o ganzá também eram tocados durante a apresentação. Segundo Mestre Popó, o maculelê tem poucos cânticos, sendo alguns trazidos do candomblé de caboclo. As músicas têm funções especiais: para sair à rua, de chegada a uma casa, de homenagem a pessoas importantes da história, de agradecimento, de louvação aos ancestrais ou peditório (quando passavam um chapéu para arrecadar algum dinheiro).

  

>>> MARACATU :::

MARACATU – RITMOS SAGRADOS é um documentário que mostra a realidade dos maracatus de Pernambuco, como vivem os seus mestres, suas rainhas, seu mundo, suas casas, suas vidas... A força vital de ancestrais do batuque afro-brasileiro permanece nos morros de Recife, Olinda e Nazaré da Mata. O humano se transfigura no sagrado, através do ritmo, da dança e das cores, que remetem à imagem dessa alma peregrina presente na cultura do cotidiano, da rua, da cidade e da história do povo brasileiro...  (Eugenia de Freitas Maakaroun, em sua tese de Mestrado da escola de Belas Artes da UFMG, em 2005.

>>> MARACATU DE CABOCLO :::

Maracatu de Caboclo é uma manifestação cultural da música folclórica pernambucana no qual figuram os conhecidos caboclos de lança. É conhecido também por Maracatu de Baque Solto. Distingue-se do Maracatu Nação ou Maracatu de Baque Virado, em organização, personagens e ritmo.

O Maracatu de Caboclo mais antigo do Brasil é o Cambinda Brasileira. O grupo foi fundado em 1898, e sua Sede permanece no mesmo lugar, no Engenho do Cumbe, Nazaré da Mata, Zona da Mata de Pernambuco.
Os principais personagens do Maracatu Rural são: Caboclos de lança (ícones do Carnaval de Pernambuco), Catirina, Mateus, Catita, Reis e Rainhas.


 

>>> MARUJADA :::

Alguns dizem ser de origem portuguesa, ligada ao drama vivido nas viagens marítimas pelos descobridores das novas  terras, entre elas o Brasil. Muito comum em Minas Gerais, Bahia,  e no Pará. Outros afirmam ser de origem negra, realizada em honra de São Benedito pelos seus devotos afrodescendentes. O fato é que a marujada se espalhou pelos quatro cantos do país. Por certo, cada lugar impregnou a manifestação com características locais. Ao som de violas, pandeiros e tambores (sendo que os instrumentos também variam de região para região, podendo ter a incorporação de rabecas, ), as festas de marujada são comemoradas com dança e trajes que nos remetem aos dos marinheiros e que costumam ser de fitas coloridas, com penas e vários outros adereços. 

>>> MAXIXE :::

Originado de procedimentos empregados pelos músicos de grupos de choro e bandas de coretos do Rio de Janeiro desde a década de 1860. Foi, pois, o estilo de tal forma malandra e exagerada de dançar o ritmo quebrado da polca-tango que acabaria por fazer surgir o maxixe como gênero musical autônomo, ao estruturar-se pelos fins do século XIX sua forma básica: a exageração dos baixos – inclusive pelos instrumentos de tessitura grave das bandas – conforme o acompanhamento normalmente já cheio de descaídas dos músicos de choro. Ou, como explicava no artigo Variações sobre o Maxixe o maestro Guerra-Peixe, "melodia contraponteada pela baixaria, passagens melódicas à guisa de contraponto ou variações e, em alguns casos, baixaria tomando importância capital". O futuro gênero de música popular chamado de maxixe ia surgir a partir de 1880 acompanhando a maneira exageradamente requebrada de dançar tal tipo de execução, principalmente de polca-tango.  

Músicas >>> Cristo Nasceu na Bahia (Sebastião Cirino) – Banda do Corpo de Bombeiros / O Maxixe (Aurélio Cavalcanti) – Carolina Cardoso de Menezes / Dorinha, Meu Amor (José Francisco de Freitas) – Mário Reis / Rio Antigo (Altamiro Carrilho/ Augusto Mesquita) – Altamiro Carrilho / E Você Não Dizia Nada (Hélio Sindô/ J. Sacomani) – Gilberto Alves / Bom Tempo (Chico Buarque) – Chico Buarque / Serei Teu Ioiô (Paulo da Portela/ Monarco) – João Nogueira

 

>>> MÚSICA BRASILIS :::

http://www.musicabrasilis.org.br/pt-br

>>> SAMBA DE RODA :::

O samba de roda é a forma primordial do samba. Seu berço, sua origem. Acompanhado por atabaques, ganzá, reco-reco, viola e violão, o solista entoa cantigas, seguido em coro pelo grupo a dançar. Ligado ao culto de orixás e caboclos, à capoeira e às comidas à base de dendê, o samba de roda teve início por volta de 1860, como forma de preservação da cultura dos negros africanos escravizados no Brasil. A influência portuguesa, além da língua falada e cantada, fica por conta da introdução da viola e do pandeiro.

O samba provavelmente nasceu a partir de uma sonoridade popular na África, o semba; ele parece ter se estruturado sob a influência dos mais variados sons tribais deste continente. Deve-se considerar que os negros não constituem uma massa homogênea; esta raça abriga uma fantástica multiplicidade cultural, mesmo em solo brasileiro, principalmente se for levado em conta que os proprietários de escravos selecionavam ao acaso seus trabalhadores, mesclando, normalmente, tribos distintas.

Esta mistura foi também determinante na construção do samba no Brasil, pois seus criadores estavam localizados em um ambiente desconhecido e, muitas vezes, hostil, e eram obrigados a conviver com companheiros que detinham valores e culturas diferentes, ocasionalmente até mesmo antagônicos. O samba de roda guarda muito destes momentos iniciais, e detém algumas similaridades com o jongo, variedade de samba dançada ao som de tambores. 

O samba de roda, esse misto de música, dança, poesia e festa se revela de duas formas características: o samba chula e o samba corrido. A chula, uma forma de poesia, é declamada pelo solista, enquanto o grupo escuta atento, só se rendendo aos encantos da dança após o término do pronunciamento, quando um participante por vez adentra o meio da roda ao som da batucada regida por palmas. Já no corrido, o samba toma conta da roda ao mesmo tempo em que dois solistas e o coral se alternam no canto. 

 

 

>>> SAMBA JUIA OU SAMBA DE FIA :::


                             



>>> SAMBA DE LATA :::


Samba de lata, uma manifestação que virou patrimônio cultural e nasceu da labuta diária misturada com a alegria das mulheres negras. Uma lata basta para levar a muitas gerações a dança das matriarcas. 

À sombra da barriguda, uma árvore nativa do sertão baiano, mulheres e crianças varrem o chão, molham a terra, num ritual que prepara a festa. O único instrumento: uma lata. O figurino caprichado e os adereços completam o visual das sambistas. Com pés no chão batido, apenas dois homens fazem parte do grupo e a música sai da palma da mão. Valdelice puxa o samba, acompanhando as batidas da lata. Essa é a mais forte expressão cultural de Tijuaçú, comunidade quilombola de senhor do Bonfim, no norte da Bahia, fundada em 1750.

>>> SAMBA CHULA ::: 
No samba de roda, existem muitas variações das cantigas, que recebem nomes diferentes a depender do local. Na Ilha, em Salvador e municípios próximos predomina o samba corrido e as influencias urbanas. O samba chula característico, também chamado samba de viola e samba amarrado, se encontra na antiga região da cana que abrange Maracangalha, São Francisco do Conde, Terra Nova, Teodoro Sampaio, Saubara, Santiago do Iguape e principalmente Santo Amaro. Uma dupla de cantadores canta a chula e a outra dupla reforçada pelo coro das mulheres responde com o relativo – um verso menor que “arremata” a chula. Nessa hora, ninguém entra na roda para sambar, esperando os homens terminarem de cantar e começar a parte instrumental com solos de viola e da percussão. A sambadeira agora samba com passos miudinhos, “peneirando” e percorrendo a roda toda até dar a umbigada noutra sambadeira, que espera a próxima chula cantada.



>>> SAMBA DE CABOCLO ::: 
O culto de caboclo não ficou restrito apenas ao índio brasileiro. Os negros de origem banto incorporaram os caboclos aos seus cultos e passaram a chamar este culto de “Candomblé de Caboclo” ou “Samba de Caboclo”. O mestre utiliza-se de um maracá, espécie de chocalho e de um cachimbo feito às vezes de pinhão-roxo para soprar fumaça para à esquerda ou para a direita.
A jurema é utilizada para tomar banho de descarga com suas folhas. Serve como defumador para cura de dor de dente, doenças sexualmente transmissíveis, insônia, nervos, dores de cabeça. Faz ainda: figas, patuás, rosários. Utiliza-se para fazer rezas com suas folhas contra mau-olhado e olho-grande. Serve ainda para fazer um dos maiores fundamentos do Culto à Jurema, que é uma bebida à base de infusão das folhas da jurema, com casca do tronco e da raiz misturado com mel de abelha, garapa de cana-de-açúcar e cachaça. Essa é a bebida preferida dos Encantados que baixam no Toré e no Culto à Jurema.

>>> SAMBA DE CÔCO ::: 
"Ô cantador diga como é que é
Que se dança o trupé
Numa sala de reboco
Agache o corpo
Bata com o pé ritmado
Deixe a tristeza de lado
Isso é samba de coco"


o elemento musical marcante do samba de côco é o ritmo sincopado.
As canções são transmitidas pela oralidade, apresentam como temática o cotidiano de labuta, o amor e a própria história. A marcação do tempo com palmas é um dado típico das rodas de côco.
Há um "tirador do coco" ou "coqueiro" que é quem puxa os versos. A estrutura é de diálogo, sendo o puxador uma espécie de solista e os demais dançantes, o coro da resposta.
Nos cantos cabem improvisos e concebem métricas livres, como: quadras, sextilhas, décimas, etc.
O samba de coco é uma dança brasileira, seu berço foi o sertão de Pernambuco. O ritmo possui traços indígenas com nítida influências africana nos quilombos e senzalas. Os negros cantavam durante o ritual da quebra do coco para a extração das coconhas. O aspecto sertanejo existente, possivelmente, é resquício da matriz portuguesa. 

  >>> SAMBA DA TIRIRICA :::
Rodas de Tiririca, também conhecidas como Jogo de Pernada. As rodas de tiririca eram rodas de batucadas promovidas por engraxates, carregadores de cargas e vendedores de banana, na Barra Funda, Praça da Sé ou do Largo da Bananana, na cidade de São Paulo, entre as décadas de 30 e 50. Utilizando os próprios instrumentos de trabalho, como as latinhas de graxa, as escovas, as garrafas d'água e os caixotes, eles faziam a música para acompanhar o jogo da tiririca, uma capoeira jogada ao som do mais puro samba paulista. Os movimentos dessa "capoeira sambada" originaram passos de samba atuais, e por essas rodas passaram grandes nomes do samba e do carnaval paulista, como Geraldo Filme, Toniquinho Batuqueiro e Germano Mathias.

    

 >>> SAMBA DA VELA ::: 


Em torno de uma mesa, acende-se a vela e começa-se o samba. Ele só acaba quando a chama apaga.

 
>>> XAXADO :::

É conhecido pelo nome de xaxado um ritmo e dança típicos do nordeste do Brasil, com raiz nos costumes do sertanejo local, originário das regiões do Pajeú e Moxotó no interior de Pernambuco e evidentes características extraídas das culturas indígenas. Seu nome é atribuído ao som onomatopaico que os dançarinos fazem com as alpercatas arrastadas no chão durante a dança, soando "xa-xa-xa".

O xaxado foi difundido como uma dança de guerra e entretenimento pelos cangaceiros, notoriamente do bando de Lampião, no inicio dos anos 1920, em Vila Bela, atual Serra Talhada. Na época, tornou-se popular em todos os bandos de cangaceiros  espalhados pelos sertões nordestinos. Era uma dança exclusivamente masculina, por isso nunca foi considerada uma dança de salão, mesmo porque naquela época ainda não havia mulheres no cangaço. Faziam da arma a dama. Dançavam em fila indiana, o da frente, sempre o chefe do grupo, puxava os versos cantados e o restante do bando respondia em coro, com letras de insulto aos inimigos, lamentando mortes de companheiros ou enaltecendo suas aventuras e façanhas.
Originalmente a estrutura básica do xaxado é da seguinte forma: avança o pé direito em três e quatro movimentos laterais e puxa o pé esquerdo, num rápido e deslizado sapateado. Os passos estão relacionados com gestos de guerra, são graciosos porém firmes. A presença feminina apareceu depois da inclusão de Maria Bonita e outras mulheres ao bando de Lampião.

 
>>> ZAMBIAPUNGA :::
Zambiapunga. Zambi, deus. é na madrugada da festa dos mortos  que mascarados saem pelas ruas de nilopeçanhaem seus folguedos. vão munidos de enxadas, búzios, cuícas, tambores e máscaras. "É provável que o Zambiapungado Baixo-Sul baiano era ou integrava um ritual religioso de uma parcela dos africanos escravizados. Para entendermos esse aspecto é necessário fazermos uma análise etimológica do termo "zambiapunga" e enumerarmos alguns aspectos da religiosidade dos povos cujo termo citado se liga: os Bantos. Zambi ou Nzambi-a-Mpungué o Deus supremo de povos bantos do BaixoCongo.1 A relação entre a palavra "zambiapunga" e o Deus supremo de africanos é a primeira evidência da origem religiosa do folguedo atual. Para compreendermos a segunda evidência da origem religiosa do Zambiapungaé necessário falarmos um pouco sobre os Bantos e sua religiosidade. Os bantos, povos cujas línguas possuem uma origem comum e, por isso, o termo "Banto" delimita um grupo linguístico africano e não uma etnia, vivem em todo o território abaixo do equador, ocupando uma área de 9.000.000 Km2 e englobando190.000.000 de indivíduos.2 Apesar das grandes especificidades culturais que pode haver entre 190.000.000 de indivíduos, os Bantos possuem outras características culturais semelhantes além do parentesco lingüístico. Segundo Nei Lopes, "(...) parece que em todas as religiões bantas os espíritos dos ancestrais são os intermediários entre a divindade suprema e o homem. Assim, são eles que levam as oferendas dos fiéis e intercedem em seu favor junto a Nzambi(...)".3 Essa importância do espírito dos ancestrais na religiosidade Banto é o segundo fator que evidencia o caráter religioso inicial do Zambiapunga. Primeiro, a data tradicional do Zambiapungair às ruas em Nilo Peçanha é a madrugada de 1o de novembro, dia de Todos-os-Santos e véspera do dia de Finados. Nestes dois dias a população local volta sua atenção para a lembrança de seus mortos que são homenageados com flores, velas e missas. Não existia momento mais propício do calendário católico para um cortejo que refletia uma religiosidade baseada na ancestralidade ir às ruas. Outra evidência do caráter religioso inicial do grupo é o significado do termo "Mpungu" de Nzambi-a-Mpungu. Segundo vocabulário construído por Aires Machado Filho e reproduzido por Nei Lopes4 , a palavra "Mpungu" é provavelmente sinônima de "defunto". Yeda Pessoa traduz, por sua vez, "nzambiampungu" como o grande espírito e "saamiampunga" como os grandes ancestrais. "Mpungu", "ampungu" ou "ampunga" são palavras bantos que se referem aos mortos, aos antepassados, o que evidencia a relação da origem do Zambi APUNGA atual com a religiosidade Banto. Como tempo o caráter religioso se perdeu e permaneceu uma bela manifestação da cultura popular. O Zambiapunga ficou inativo em Nilo Peçanha cerca de 20 anos ( entre as décadas de 1960 e 1980) sendo revitalizado em 1982 pela professora Lili Camardellie seus alunos do Ginásio de 1o Grau Adelaide Souza. Após essa revitalização o Zambiapunga Nilo peçanhense tornou-se uma das maiores manifestações folclóricas do Estado da Bahia.

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