A Diáspora africana criou densos cordões umbilicais unindo África e Américas, gerando o nascimento de fusōes musicais, espirituais, políticas, culturais e corporais.
Em plena harmonia com suas raízes africanas, o samba de roda nasce dos cantos, lamentos e toques de trabalho de regiões do interior do estado da Bahia, na beira-mar ou nas plantações de cana de açúcar e tabaco, ao longo do Recôncavo baiano, entre vilarejos e quilombos, estando intimamente conectada com a capoeira e com a espiritualidade matricial africana.
Mais que um estilo musical, o samba de roda é uma manifestação cultural que envolve música, dança, poesia e espiritualidade. Assim como o congado e a capoeira, estima-se que o samba de roda tenha se originado em ambientes com presença expressiva de africanos de origem Bantu.
Durante os rituais conhecidos como rodas de samba, as mulheres dançam miudinho ao som dos instrumentos musicais tocados por homens, ainda que esta historia vem se transformando, sendo cada vez mais comum a presença de mulheres tocando instrumentos musicais durante os rituais do samba de roda, como é o caso de Dona Aurinda, mãe de santo e mestra tocadora de Prato nas rodas de samba, sambadera da Ilhota, comunidade quilombola da Ilha de Itaparica.
Situada na Bahia de Todos os Santos, a ilha de Itaparica faz parte da região metropolitana de Salvador, mas mantem características do interior, sendo conhecida pela beleza de suas paisagens e por sua importância na construção da história político-cultural do povo baiano. Assim, esta Ilha faz parte do território geográfico estrutural-sentimental tanto da origem quanto da continuidade do samba de roda na Bahia. Em suas características particulares, a execução e poética do samba de roda na ilha foi bastante influenciado pela mariscagem, pela pesca da baleia e pelos cultos às entidades mestiças do candomblé, como caboclos, marujos e boiadeiros.
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