Yosvany Terry e o Sekere |
Neste capítulo, o apresentador Vijay Iyer conversava com Yosvany Terry, músico cubano que é saxofonista e virtuoso na arte de tocar Xekere.
Yosvany Terry foi iniciado por seu pai, que aprendeu a tocar o instrumento dentro do universo religioso das tradições afrocubanas de linhagem Yorubá.
Muito interessante como ele e o apresentador foram tecendo um caminho de metalinguagem entre a sonoridade que sai do xekere e o entendimento da corporeidade como característica fundamental no processo de tocar este instrumento.
Terry dizia que para tocar a cabaça é preciso tocar com o corpo todo, já que é o movimento do corpo que transmite a vibração para o instrumento e vai influenciar diretamente no groove da execução.
Devido a seu alto teor orgânico, este processo é impossível de ser transcrito para os padrões rítmico-simbólicos de uma partitura de música euro-ocidental.
Só quando se dança com este instrumento é que se consegue botar o groove no som. Só quando sentimos o ritmo dentro de nosso corpo é que somos capazes de tocar um instrumento e fazer outras pessoas dançarem.
Isso é MúsicaDança .
Só através dos movimentos do corpo conseguimos gerar o som e tirar o sentimento de dentro de nós. Só assim conseguimos transmitir o que queremos para outras pessoas.
Assim, quando ouvimos e vemos o movimento do outro, entendemos um pouco o que esta acontecendo em seu interior.
Para aprender a tocar xekere há que se conectar com aspectos espirituais da música, já que se supōe que este instrumento musical deva falar, comunicar, ser a voz dos ancestrais e das próprias deidades espirituais enquanto executado.
Tocar Xekere é buscar compreender como equilibrar-se entre o impulso de voar e de rastejar, ao mesmo tempo. É aceitar as leis de gravidade da Terra mas buscar uma contra.força que resiste e dá resistência para o corpo.
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