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como nasce um griô

griot africano
só que sei que é o vento que traz. as mudanças e transformações. as sementes de outros tempos. as melodias dos velhos griôs.
só sei que comigo foi assim. sonhos me davam a visão da kora. mas a kora vinha do outro lado do mundo, do outro lado do mar. do outro lado da kalunga. e aqui estava eu, do outro lado.
então, tudo começou a mover-se quando eu voltei a me mover. desde minha gravidez, há quatro anos atrás, que estava mais na terra, nutrindo minha filha, com todo amor...
ela já forte, os caminhos se abriram novamente para nossos passos. e foi caminhando que chegamos à casa de Mauro Calandra, um luthier que vive no coração do Capão, terra baiana de arte e cura. justamente no dia em que ele construía uma Kora. e foi Mauro quem abriu os caminhos e pude ver perante os olhos o nascimento do instrumento griô, aqui em terras brasileiras.
e está aí a magia do Brasil: aqui em nossa terra todas as nações de reinventam! 
então, se na áfrica é preciso nascer de uma família de griôs para se tornar um griô, no Brasil, bebemos das águas da tradição do griô africano, a fim de valorizar e enraizar nossa história. 
E eis que surge o griô brasileiro, o contador de histórias, o trovador, preservando a ancestralidade e a cultura oral, transmitindo conhecimentos e sabedorias de nossa cultura popular.

Joaquim no momento de medir o tamanho para o corte da cabaça

e foi assim também que trouxe o vento às pedras da sereia.um amigo de Mauro, vindo do capão, Joaquin, um luthier peruano, chegou nesse domingo à vizinhança trazendo um n´goni para entregar a uma musicista aqui em Salvador.
e assim, abrimos os trabalhos do feitio do n´goni. tudo muito mágico. conexão malinke. natural, essencial. a transmissão oral, os novos caminhos para os griôs brasileiros.







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