Pular para o conteúdo principal

Ubuntu no Festival de Música Instrumental da Bahia

"Sí. Ámate. Si amas, todo estará bien para todos. Si te gustas mucho haciendo algo, ¡ve por ahí, alimenta eso! Sé fiel a tu corazón. Eres único. Enamórate de ti. Brillarás. Y eso bendecirá a la gente de tu entorno"
Agora acá estou, passando uns dias em Minas. Agora sim posso pensar tranquilamente sobre a experiência de lançamento do projeto Ubuntu em Salvador, no final de junho de 2014. Tudo foi tão rápido e intenso, que nem mesmo o corpo conseguiu ainda entender/digerir tudo o que aconteceu.

 
Para começar, aqui falo dessa história de que o artista contemporâneo deve aprender a ser produtor para sobreviver na selva de pedra do "mercado cultural" - apesar de que muitos músicos não suportem isso em suas carreiras, devo admitir que, se não tivesse me adentrado nos sinuosos caminhos da "autoprodução", não teria realizado metade do que já realizei em minha carreira musical.
Sim: É trabalho de formiga, cotidiano, exaustivo, trabalho invisível: saber preparar material de divulgação (gravar e veicular áudio, vídeo, boas fotos), saber conceber seu release, mapa de palco,  selecionar o repertório, acompanhar a confecção de figurino, criar o conceito de sua apresentação, ordenar as músicas selecionadas, trabalhar nos arranjos, articular os registros audiovisuais, alimentar os sites e redes sociais, administrar o cadastro de pessoa jurídica, UFF!
E, por meio, durante e depois, o primordial e fundamental, o princípio e o fim: SER MÚSICO, conciliar a musicalidade à todo o desgastante processo de produção, não deixar que o desgaste do trabalho de produção afete a performance no momento da execução no palco.
E assim foi. 

Mo Maie, Ubuntu. Foto Divulgação

Um misto de inúmeras sensações.
Como compositora, a emoção de ver o meu trabalho florescer, sendo executado por outros músicos, que dão novas nuances à criação, que dão vida à ideia musical.
Como musicista e mulher, a emoção de executar minhas composições ao lado de composições de grandes músicos e compositores brasileiros (como Moacir Santos e Heitor Villa Lobos), nascendo-me como instrumentista, nesse país onde o cenário musical sempre foi predominantemente masculino.
Como musicista brasileira, forte em mim trago a força das influência africanas e afro-brasileiras, bem como a consciência da importância de estar presente nesse momento, em que a música negra se adentra aos refinados salões musicais. 
Como curandeira, a felicidade de levar sons de cura para afora das fronteiras de minha casa, dando-lhes asas para que ressoem pelos ares do mundo.
Sim, devo admitir: estou emocionada, estou feliz, estou viva, sou música. Sou a música. A música pulsa em mim.
 
Ubuntu, no XIX Festival de Música Instrumental da Bahia
 
 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Guedra - O ritual das mulheres do "Povo Azul"

Guedra A palavra "Guedra" quer dizer "caldeirão" e também "aquela que faz ritual". Guedra é usado para nomear um ritual de transe do "Povo Azul" do deserto do Saara, que se estende desde a Mauritânia passando pelo Marrocos, até o Egito. Através da dança e da ritualística que a envolve, esse povo traça místicos símbolos espalhando amor e paz, agradecendo a terra, água, ar e fogo, abençoando todos os presentes entre pessoas e espíritos, com movimentos muito antigos e simbólicos. É uma dança ritual que, como o Zaar, tem a finalidade de afastar as doenças, o cansaço e os maus espíritos. Guedra é uma dança sagrada do "Povo do Véu" ou "Kel Tagilmus", conhecido como "Tuareg. Em árabe, "Guedra" é Também o nome de um pote para cozinhar, ou caldeirão, que os nômades carregam com eles por onde vão. Este pote recebia um revestimento de pele de animal, que o transformava em tambor. Somente as mulheres dançam "G

Os Quatro Ciclos do Dikenga

Dikenga Este texto sobre os ciclos do Cosmograma Bakongo Nasce da Essência da compreensão de mundo dos que falam uma dentre as línguas do tronco Níger-Kongo, em especial Do Povo Bakongo.  Na década de 90 o grande pensador congolês chamado Bunseki Fu Ki.Au veio  ao Brasil trazendo através de suas palavras e presença as bases cosmogônicas de seu povo, pensamentos que por muitos séculos foram extraviados ou escondidos por causa da colonização da África e das Américas e dos movimentos do tráfico negreiro. Fu Ki.Au veio nos ensinar filosofia da raíz de um dos principais povos que participaram da formação do povo brasileiro, devido aos fluxos da Diáspora. Transatlântica. Segundo Fu Ki.Au, “Kongo” refere-se a um grupo cultural, linguístico e histórico, Um Povo altamente tecnológico, Com Refinada e Profunda Concepção do Mundo e dos Multiversos. Sua Cosmopercepção Baseia-se Num Cosmograma Chamado Dikenga, Um Círculo Divido Em Quatro Quadrantes Correspondentes às Quatro Fases dos Movimentos

Ritmos do Candomblé Brasileiro

           Os ritmos do Candomblé (culto tradicional afro brasileiro) são aqueles usados para acompanhar as danças e canções das entidades (também chamadas de Orixás, Nkises, Voduns ou Caboclos, dependendo da "nação" a que pertencem). Ritmos de Diferentes Nações de Candomblés no Brasil São cerca de 28 ritmos entre as Nações (denominação referida à origem ancestral e o conjunto de seus rituais) de Ketu, Jeje e Angola . São executados, geralmente, através de 4 instrumentos: o Gã (sino), o Lé (tambor agudo), o Rumpi (tambor médio) e o  Rum (tambor grave responsável por fazer as variações). Os ritmos da Nação Angola são tocados com as mãos, enquanto que os de Ketu e Jeje são tocados com a utilização de baquetas chamadas Aquidavis (como são chamadas nas naçoões Ketu_Nagô). " Em candomblé a gente não chama "música". Música é um nome vulgar, todo mundo fala. É um...como se fosse um orô (reza) ...uma cantiga pro santo ".  A presença do ritmo n