Pular para o conteúdo principal

Uma Valsa Chamada Lívia

juro que não tinha pensado mesmo em escrever começando assim. com essa partitura. nem tinha relacionado que justo hoje falei com minha vó de manhã. e ela é a musa inspiradora dessa canção. e esse texto tem totalmente a ver com minha vó porque antes de sair de casa conversei com ela. e fui pra aula e por todo o caminho fui olhando pra cidade... e a cidade olhando pra mim. eu entendo totalmente porquê minha vó acha que eu sou completamente maluca de morar em salvador, sem dinheiro, no morro, sem carro, estudando pra ser músico! 

Mas eu sei que ela entende também porquê eu estou aqui. eu vim atrás de grandes mestres. mas nem precisa ser chamado assim. 

Eu fui olhando quando a cidade olhava em mim. eu vi tanta coisa, vó: nossa, o centro então, tive que ir caminhando pelo centro e parei de repente de  andar depressa, com a pressa dentro de minha barriga. comecei a respirar profundo, com aquela música do Milton (Nascimento) na cabeça: o que vocês diriam dessa coisa que não da mais pé o que vocês fariam pra sair dessa maré no fim da estrada e da poeira um rio com seus frutos me alimentar me sentir dentro do mar que habita o coração urbano.



asventoseàságuasquero meentregar

então minha vó ficou chateada porque não vou estar por perto nesse natal. quando se vai completar 10 anos que meu avô Gegê fez sua passagem espiritual. como dez anos passam tão rápido assim! quanta coisa me aconteceram nesses 10 anos, pra mim e pra todos nós. Pra minha avó então....

esse fim de ano está sendo um grande desafio em todos os sentidos. mas de tudo ando absorvendo a positividade. e te agradeço Vó, por ter me apoiado de longe por todo esse ano.....

(antes de começar, eu achei essa nota que postei, sobre o sentimento do outro dia, sobre meu ancestral Gegê, que tenho muito respeito e quem eu sinto estar sempre me acompanhando nessa minha busca musical. várias vezes que eu arrepio tocando, eu sinto ele ali. na nota estava escrito assim:

Hoje estava limpando minha flauta e me lembrei do flautim de Maycon Juliano, aliás, lembrei da gambiarra genial que vô Gegê fez pra Maycon limpar sua flauta e me bateu aquela saudade...... sabe o que mais me deu saudade???? de ter aprendido música com ele.... tive que dar e continuo dando voltas e voltas ao mundo pra aprender música e tinha um maestro bem debaixo do meu nariz e acabei não aprendendo com ele! mas hoje vou te falar, bateu aquela emoção, ontem o dia inteiro, parece que sentia sua presença, cada vez que ia tocar..... hoje vou tocar o dia todo pra ele, por sua memória, pela maior herança que tenho em minha vida, graças à vô Gegê, ao meu pai Antonio Claret Gomes, minha mãe Sueli Elias, meu vô Gomes Inez Brandao:::: 

a música.... a música, peço sua proteção, vô, pra conseguir aprender direitinho, tou me esforçando, viu?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Guedra - O ritual das mulheres do "Povo Azul"

Guedra A palavra "Guedra" quer dizer "caldeirão" e também "aquela que faz ritual". Guedra é usado para nomear um ritual de transe do "Povo Azul" do deserto do Saara, que se estende desde a Mauritânia passando pelo Marrocos, até o Egito. Através da dança e da ritualística que a envolve, esse povo traça místicos símbolos espalhando amor e paz, agradecendo a terra, água, ar e fogo, abençoando todos os presentes entre pessoas e espíritos, com movimentos muito antigos e simbólicos. É uma dança ritual que, como o Zaar, tem a finalidade de afastar as doenças, o cansaço e os maus espíritos. Guedra é uma dança sagrada do "Povo do Véu" ou "Kel Tagilmus", conhecido como "Tuareg. Em árabe, "Guedra" é Também o nome de um pote para cozinhar, ou caldeirão, que os nômades carregam com eles por onde vão. Este pote recebia um revestimento de pele de animal, que o transformava em tambor. Somente as mulheres dançam "G...

Os Quatro Ciclos do Dikenga

Dikenga Este texto sobre os ciclos do Cosmograma Bakongo Nasce da Essência da compreensão de mundo dos que falam uma dentre as línguas do tronco Níger-Kongo, em especial Do Povo Bakongo.  Na década de 90 o grande pensador congolês chamado Bunseki Fu Ki.Au veio  ao Brasil trazendo através de suas palavras e presença as bases cosmogônicas de seu povo, pensamentos que por muitos séculos foram extraviados ou escondidos por causa da colonização da África e das Américas e dos movimentos do tráfico negreiro. Fu Ki.Au veio nos ensinar filosofia da raíz de um dos principais povos que participaram da formação do povo brasileiro, devido aos fluxos da Diáspora. Transatlântica. Segundo Fu Ki.Au, “Kongo” refere-se a um grupo cultural, linguístico e histórico, Um Povo altamente tecnológico, Com Refinada e Profunda Concepção do Mundo e dos Multiversos. Sua Cosmopercepção Baseia-se Num Cosmograma Chamado Dikenga, Um Círculo Divido Em Quatro Quadrantes Correspondentes às Quatro Fases dos M...

Ritmos do Candomblé Brasileiro

           Os ritmos do Candomblé (culto tradicional afro brasileiro) são aqueles usados para acompanhar as danças e canções das entidades (também chamadas de Orixás, Nkises, Voduns ou Caboclos, dependendo da "nação" a que pertencem). Ritmos de Diferentes Nações de Candomblés no Brasil São cerca de 28 ritmos entre as Nações (denominação referida à origem ancestral e o conjunto de seus rituais) de Ketu, Jeje e Angola . São executados, geralmente, através de 4 instrumentos: o Gã (sino), o Lé (tambor agudo), o Rumpi (tambor médio) e o  Rum (tambor grave responsável por fazer as variações). Os ritmos da Nação Angola são tocados com as mãos, enquanto que os de Ketu e Jeje são tocados com a utilização de baquetas chamadas Aquidavis (como são chamadas nas naçoões Ketu_Nagô). " Em candomblé a gente não chama "música". Música é um nome vulgar, todo mundo fala. É um...como se fosse um orô (reza) ...uma cantiga pro santo ".  A presença d...