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O rio


depois de tudo, conseguimos chegar, flor e eu, ao rio.... 

finalmente, fazia muito que esperava por esse momento........... 

então chegou uma família de índios vestidos de peles de negros... negros índios índios negros, brasileiros, uma menina de sete anos e dois irmãos menorzinhos... sem saber ela ficou ensinando pra gente a nadar igual a uma sereia. 

a flor ficou maravilhada com aquele espetáculo e conversando com a menina, ela me disse que sua casa também era na roça, do lado da casa de dona maria e seu arlindo. aquelas feições, aquelas energias ainda não saíram de mim. 

fecho o olho e vejo aquela mulher que pariu 19 filhos, ela filha de iansã e de ogum, mas nenhum de seus santos bebe, só na mata. ainda não assimilei todo o ocorrido. o banho na nascente com as crianças. a fila de micos querendo bananas. aquela lua cheia que alumiava a noite deixando ela clara como uma tarde de quarta-feira. flor sem conseguir dormir com as histórias esquentadas pela fogueira, de gente preta com um bago de milho nas mãos, queimando o milho, flor que saía a cada minuto pra ver os cachorros, tantos cachorros. então me alembrei do que ela me disse, que seus santos não eram de casa. 

eram de natureza solta.

Mo Maiê
Salvador, 2012

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