Pular para o conteúdo principal

fisiologia da voz



Na cadeira de canto do curso de qualificação em música que estou fazendo na FUNCEB, com o preparador vocal Marcelo Jardim, estamos agora investigando a fisiologia da voz. O tema é longo e envolve várias coisas, cheio de nuances. O curso tem ampliado os horizontes de meu canto e vem me ensinando a quebrar vários vícios, posturas corporais, várias atitudes impensadas enquanto canto,
Não é só chegar no palco e cantar, com toda emoção do mundo......... há todo um processo por trás do canto, que envolve mais que sentimento, envolve técnica e conhecimento dessa fisiologia... quem sabe um dia eu desaprendo a cantar pra aprender a soltar minha voz, em harmonia com o ar, em sintonia e respeito com minhas cordas vocais, com consciência de minha caixa ressonante e de cada osso de meu crânio........



A voz funciona através de um processo que se divide em três partes distintas mas interconectadas: o aparelho respiratório, o aparelho fonador e o aparelho ressonador.
1- Aparelho Respiratório
Pela inspiração os pulmões se enchem de ar e na expiração este ar é transformado em som ao passar pelas cordas vocais, fazendo-as vibrar.
O ar é a energia geradora da voz tanto falada, quanto cantada; portanto o processo de respiração é fundamental para o desenvolvimento da voz. Ao inspirarmos devemos ter a consciência e o cuidado de não colocarmos o ar na parte superior dos pulmões, pois nesta área, a capacidade de armazenamento de ar é muito pequena e não existem músculos capazes de controlar a saída do ar. Portanto, é de extrema importância ter o domínio da respiração baixa, da respiração diafragmática nos dois momentos da respiração (inspiração e expiração), o diafragma é um músculo amplo e flexível que se encontra abaixo dos pulmões, separando o tórax do abdómen. Na inspiração dá-se um ligeiro abaulamento do abdómen, abaixamento do diafragma e um aumento da caixa torácica com o predomínio do afastamento das costelas inferiores. Na expiração, dá-se o esvaziamento dos pulmões. No momento da expulsão do ar, o abdómen vai-se contraindo, o diafragma comprime o pulmão como um fole, o ar atravessa a traqueia e, ao passar pela laringe provoca a vibração das cordas vocais produzindo a fonação entoada ou falada.

2- Aparelho Fonador
O som é transformado em diferentes vogais ou sílabas ao passar pelos articuladores da boca.
É composto pela laringe e os articuladores (mandíbula inferior, lábios, palato mole, língua, dentes, alvéolos e o palato duro). O ar expelido dos pulmões é transformado em som ao passar pela laringe onde são localizadas as cordas vocais que vibram com a passagem do ar, produzindo o som. Quando estamos apenas respirando a glote se alarga permitindo a livre passagem do ar, sem contacto com as cordas vocais, portanto, sem produção sonora. A glote fecha-se para a fonação. Ao chegar na boca o som é transformado em fonemas pelos articuladores, que são órgãos influentes na qualidade da voz, brilho, cor e sonoridade sendo eles responsáveis em levar o som da laringe para o aparelho ressonador.

3- Aparelho Ressonador
Este som é ampliado ao se dirigir para os ressonadores. A articulação é de extrema importância para fazer com que o som se dirija para os ressonadores e não para a garganta ou nariz.
Para compreendermos melhor o aparelho ressonador. Basta tocarmos uma guitarra desligada. Veremos que não basta apenas as cordas, é preciso de uma caixa amplificadora que amplie o som. Já o violão tem sua própria caixa de ressonância que é o seu corpo. Assim, quando cantamos, não são apenas as cordas vocais que produzem o som, mas também as vibrações simpáticas que ressoam em nossas caixas de ressonância faciais e peitorais. Caixa de ressonância inferior: Faringe, traqueia, brônquios e pulmões. Caixa de ressonância superior: Cavidades bucais e cavidades da face. A região facial é a mais importante para a ressonância vocal, e é conhecida como a máscara; cantar na máscara significa então, cantar utilizando a ressonância facial, o que é de uma riqueza e beleza sem par. A ressonância facial aliada às ressonâncias de peito (graves) e palatal (médios), asseguram à voz o brilho em toda a sua extensão. A passagem fácil e sem defeitos, do grave para o agudo, depende muito da utilização dos ressonadores.

Articuladores: A função dos articuladores é a de receber o som das cordas vocais e levá-lo ao aparelho ressonador. São eles: língua, lábios, palato duro (céu da boca), palato mole, dentes e mandíbula inferior.

Postura: Cerca de dois terços da comunicação humana é não-verbal, transmitida por meio de gestos de mão, expressões faciais ou outras formas de linguagem. A boa imagem corporal começa com a postura - o modo como você se posiciona.
Uma boa postura é fundamental para uma boa produção vocal. O que consiste ter boa postura? Bem, cuidar da postura é fazer com que a sustentação e o equilíbrio do nosso corpo estejam de acordo com as leis da gravidade.
É importante observarmos que os desequilíbrios posturais variam de pessoa para pessoa. Algumas possuem um exagero postural, mantendo-se com os ombros extremamente abertos, o peito empinado para frente e a cabeça muito erguida, tencionando o pescoço. Se olharmos essas pessoas de lado possuem uma lordose nas costas como se fossem envergar para trás. Essas pessoas tendem a respirar mais na parte alta do pulmão.
Já outras pessoas possuem desequilíbrio inverso. Ombros muito caídos, peito fechado, como se fossem envergar para frente.
Ambas as posturas são incorretas. Devemos procurar manter um equilíbrio de forma a sentir "o peso do nosso corpo entre os dois pés, observando em seguida um encaixe perfeito da cintura pélvica (quadril), em equilíbrio com a cintura escapular (ombro) e mantendo um ângulo de 90% para o queixo, podemos aproximar-nos de uma figura em equilíbrio."

A atitude básica para o equilíbrio do corpo e, consequentemente, para a emissão da voz, é a seguinte:
• Pés: Confortavelmente. O peso do corpo deverá estar igualmente distribuído pela borda externa dos pés pelo metatarso.
• Músculos: Relaxados. Braços soltos e caídos.
• Costas direitas.
• Cintura pélvica: Suspensa sobre o diafragma para manter a energia do som.
• Cabeça: Direita. Bem equilibrada na cintura escapular.
• Cintura escapular: Deve permanecer descontraída.
• Linha da cabeça: A cabeça deve manter uma linha de como se estivesse suspensa por um “fio de cabelo” na parte do redemoinho, isto é, no centro, como se fosse a continuação das vértebras cervicais.

Após a adoção dessa atitude básica, quando sentir que está equilibrado, experimente mudar o alinhamento para fazer com que o corpo mude a linha de gravidade, para frente, para trás, para o lado e circularmente.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Guedra - O ritual das mulheres do "Povo Azul"

Guedra A palavra "Guedra" quer dizer "caldeirão" e também "aquela que faz ritual". Guedra é usado para nomear um ritual de transe do "Povo Azul" do deserto do Saara, que se estende desde a Mauritânia passando pelo Marrocos, até o Egito. Através da dança e da ritualística que a envolve, esse povo traça místicos símbolos espalhando amor e paz, agradecendo a terra, água, ar e fogo, abençoando todos os presentes entre pessoas e espíritos, com movimentos muito antigos e simbólicos. É uma dança ritual que, como o Zaar, tem a finalidade de afastar as doenças, o cansaço e os maus espíritos. Guedra é uma dança sagrada do "Povo do Véu" ou "Kel Tagilmus", conhecido como "Tuareg. Em árabe, "Guedra" é Também o nome de um pote para cozinhar, ou caldeirão, que os nômades carregam com eles por onde vão. Este pote recebia um revestimento de pele de animal, que o transformava em tambor. Somente as mulheres dançam "G...

Os Quatro Ciclos do Dikenga

Dikenga Este texto sobre os ciclos do Cosmograma Bakongo Nasce da Essência da compreensão de mundo dos que falam uma dentre as línguas do tronco Níger-Kongo, em especial Do Povo Bakongo.  Na década de 90 o grande pensador congolês chamado Bunseki Fu Ki.Au veio  ao Brasil trazendo através de suas palavras e presença as bases cosmogônicas de seu povo, pensamentos que por muitos séculos foram extraviados ou escondidos por causa da colonização da África e das Américas e dos movimentos do tráfico negreiro. Fu Ki.Au veio nos ensinar filosofia da raíz de um dos principais povos que participaram da formação do povo brasileiro, devido aos fluxos da Diáspora. Transatlântica. Segundo Fu Ki.Au, “Kongo” refere-se a um grupo cultural, linguístico e histórico, Um Povo altamente tecnológico, Com Refinada e Profunda Concepção do Mundo e dos Multiversos. Sua Cosmopercepção Baseia-se Num Cosmograma Chamado Dikenga, Um Círculo Divido Em Quatro Quadrantes Correspondentes às Quatro Fases dos M...

Ritmos do Candomblé Brasileiro

           Os ritmos do Candomblé (culto tradicional afro brasileiro) são aqueles usados para acompanhar as danças e canções das entidades (também chamadas de Orixás, Nkises, Voduns ou Caboclos, dependendo da "nação" a que pertencem). Ritmos de Diferentes Nações de Candomblés no Brasil São cerca de 28 ritmos entre as Nações (denominação referida à origem ancestral e o conjunto de seus rituais) de Ketu, Jeje e Angola . São executados, geralmente, através de 4 instrumentos: o Gã (sino), o Lé (tambor agudo), o Rumpi (tambor médio) e o  Rum (tambor grave responsável por fazer as variações). Os ritmos da Nação Angola são tocados com as mãos, enquanto que os de Ketu e Jeje são tocados com a utilização de baquetas chamadas Aquidavis (como são chamadas nas naçoões Ketu_Nagô). " Em candomblé a gente não chama "música". Música é um nome vulgar, todo mundo fala. É um...como se fosse um orô (reza) ...uma cantiga pro santo ".  A presença d...