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C A L U N D U

Calundus, que surpresa saber que vários dos calundus nasceram na região de Mariana, em Minas ... 

Que surpresa que tais dados constam em registros da época colonial, em que representantes da inquisição católica vieram ao Brasil para procurar por denuncias, sumários, confissões, desvios da fé; heresia, judaísmo, blasfêmia, pacto com o demônio, feitiçaria e desvios contra a moral como; sodomia, bigamia e solicitação para atos torpes feita pelo sacerdote no confessionário.


Hoje quase não há registros orgânicos sobre isso ... será que existem os herdeiros dessas tradições?

Calundu é uma palavra de origem africana e chegou ao Brasil através dos escravos de origem banto. Dizem ter sido o Calundu a primeira manifestação religiosa banto católica surgida no Brasil na época da colonização portuguesa, remontando das origens do ecumenismo religioso brasileiro.
Nascida na senzala, do cruze entre o culto às imagens de santos trazidas pelos europeus com as crenças africanas foi chamada de Calundu.
Palavra banto que até então era usada para
 
"designar genericamente a manifestação de práticas africanas relacionadas a danças e cantos coletivos, acompanhadas por instrumentos de percussão, nas quais ocorria a invocação e incorporação de espíritos e a adivinhação e curas por meio de rituais de magia." (fonte: https://sites.google.com/site/candomblenacaoangola/povo-bantu )
 
 
calundu
Ervas. Magia. Curandeirismo. Adivinhação e possessão. Calundu. Quilundo. Essa palavra de origem banto - quimbundo designava a possessão de uma pessoa por um espírito.
O Calundu foi uma manifestação de sincretismo religioso tendo acontecido em vários lugares do Brasil, como Pernambuco, Bahia e Minas Gerais, inclusive em cidades colônias da região mineradora, tais como Arraial de São Sebastião, Itapecerica, Campanha e Paracatu, distrito de Mariana.
Cada casa de Calundu era única. Os objetos de culto eram dos mais diversos vindo de crenças católicas (com suas cruzes e credos, anjos e demônios), crenças banto-africanas (transe, batuque, uso de ervas para rituais, sacrifício de animais), indígenas (uso de ervas para rituais, canto e dança em rituais, transe) e espiritualistas europeias (feiticeiros, judeus e ciganos, que usavam espelhos, incorporação, transe, dança em seus rituais).
Nos Calundus o "pai de santo" era o médium, às vezes chamado de feiticeiro. Possuído por entidades sobrenaturais, espíritos, o medium mergulhava num transe, chegando às vezes ao desmaio. Ao voltar, recuperando a consciência, respondia então às perguntas que lhe haviam sido feitas.
 
"A palavra calundu é de origem africana, “kulundu”, nome que se dá aos espíritos ou entes que, invadindo o corpo de alguém, mergulhando-o num transe, o tornavam ora sorumbático, ora nostálgico, triste ou irritado, neurastênico, cheio de arrufos. Era durante essa “invasão” que o medium fazia uma viagem à África, trazendo de lá as respostas que daria aos que o consultavam. Desse contexto saiu a palavra para ser aplicada a pessoas que pareciam ter sido possuídas por esses espíritos ou entes que baixavam nessas cerimônias." (fonte: http://cidmarcus.blogspot.com.br/2011/07/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x_18.html)
 
Como o escravidão era um regime de opressão, os calundus poderiam ter sido  perseguidos e proibidos. No entanto, os donos de escravos eram bem tolerantes, apesar de que a ritualística do Calundu ligada à magia e à incorporação de espíritos eram combatidos por serem considerados "coisas malignas".
Há registros a partir do século XVII  sobre cultos afrodescendentes no Brasil.
 
"Registrado nesses arquivos, se encontra muitos feiticeiros e sacerdotes, como; o angolano Domingos Umbata, ex-cativo de um capitão de Porto Seguro, Bahia, que atuava como Kimbanda; os angolanos Manoel e João, escravos do Convento dos Capuchinos da Piedade, Salvador, Bahia; a angolana Luiza Pinta, alforriada, ex-escrava de Manuel Lopes de Barros em Sabará, Minas Gerais; o angolano Caetano que atuava como Kimbanda em Mariana, Minas Gerais; o angolano Damião, no Engenho de Camuratuba, aldeia de Jacoqua em Paraíba; o congolense Domingos, Engenho de Camuratuba, aldeia de Jacoqua em Paraíba; a angolana Barbara, Ipojuca, Engenho Coité em Pernambuco; o angolense Antonio, escravo de Luis Barbosa Lagares, de Paropeba em Minas Gerais;  a angolense Domingas, parteira e adivinhadora, em Nossa Senhora da Conceição dos Raposos, Sabará, Minas Gerais; o angolense Gonçalo, ex-escravo do Arraial de São Sebastião, em Nossa Senhora do Sumidouro, Minas Gerais; o angolense Antonio Angola de Lavras em Minas Gerais; o angolense Roque e Brígida, casada, em Itapecerica na Vila de Nossa Senhora Piedade de Pitangui em Minas Gerais; o angolense Francisco, escravo de Manoel Bernardes de Cristo, morador na Vila de São João Del Rei em Minas Gerais; o benguelense Francisco, de nação benguela, escravo de Ana Maria de Santa Rosa, residia na freguesia de Mariana, no Arraial de São Sebastião, em Minas Gerais; o angolense Domingos, escravo de Manoel Carvalho em Mariana, Minas Gerais; e, o congolense Antonio, morador de Mariana em Minas Gerais."
(fonte: http://culturabantuafrobrasileira.blogspot.com.br/2013_05_01_archive.html )


a mucama vem mudar o sentido de calundu

"A documentação da época permite identificar três tipos de sacerdócio, às vezes reunidos numa mesma pessoa, como Luzia Pinta, que era “calunduzeira, curandeira e adivinhadeira”. Isso significa que, além de oficiantes religiosos, esses personagens sabiam preparar tisanas, cataplasmas e ungüentos que aliviavam os males corriqueiros dos habitantes da colônia, eram também capazes de curar doenças mais graves como a tuberculose, a varíola e a lepra, usando os recursos da farmacopéia tradicional, participaram inclusive do combate às epidemias que assolaram a Bahia em meados do século XIX; também sabiam curar distúrbios mentais ou espirituais, usando tratamentos combinados e complexos."  (fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Dicionário Aurélio; Revista de História da Biblioteca Nacional.)
 
Já para o final do século 18, o sentido de calundu foi se perdendo e passou a ser usado para designar caprichos e alterações de humor das crianças e solteironas, que se alternam o humor, se irritam, se amuam e fazem caprichos.
Quem começou a usar a palavra nesse outro sentido foi a chamada “escrava concubina” As mucamas, nome dado no Brasil e na África portuguesa, à escrava ou criada negra, geralmente jovem, que vivia mais próxima dos senhores, ajudando nos serviços caseiros, tomando conta de crianças, inclusive como ama-de-leite, e acompanhando a dona da casa em passeios.
 
 
 

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  1. Desejo conversar com o autor, por favor me mandem um email.
    Humanocristal12@outlook.com

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