clamo meu canto pela memória
de tantos que aqui chegaram
e de quantos daqui jamais partiram
por essas ladeiras que ecoam
gritos perdidos
gemidos tragados
pavores vividos
em nome do ouro
n´além mar coroado
no ventre anônimo
de negras rainhas
foi onde gerou-se a estranha fecundação
mulheres, pelas paredes enfileiradas
ouviam o riso de um caburé
que a todas penetrava,
sob o mando do capataz,
cheirando a aguardente
sem amor, sem cafuné
enquanto que seus homens castrados
engoliam seus soluços de escravizados
e pelo túnel das minas
sob o grito da xibata,
caminhavam com seus pés descalços
pelos gélidos tapetes minerais
assim
nasceram crianças
que jamais crianças foram
que pelas minas entravam
cantando cantares de lavouro
catando pedrinhas d´ouro
clamo meu canto pela memória
de cada gota do ferro
que brota na água e no sangue
que por essas paredes se escondem
atrás de segredos da senzala,
banzo de distantes nações
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dedico esse poema a Juliana Pereira, que me levou à Mina Santa Rita, no Alto da Cruz de Ouro Preto e me apresentou um guardião de segredos esquecidos de Vila Rica. Axé!
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dedico esse poema a Juliana Pereira, que me levou à Mina Santa Rita, no Alto da Cruz de Ouro Preto e me apresentou um guardião de segredos esquecidos de Vila Rica. Axé!
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Mo Maiê
Ouro Preto, Março de 2015
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