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Alto da Sereia, comunidade quilombola

Seu Simião, um dos pioneiros da festa de 2 de fevereiro

O Alto da Sereia é um pequeno bairro histórico, é um morro que surge entre a Praia da Sereia (ou Praia das Ondas) e a praia da Paciência, no Rio Vermelho. Foi invadido e ocupado coletivamente (com grande intensidade nos anos 1920) e hoje é habitado por algumas centenas de moradores, com forte estrutura social familiar, onde a maioria dos habitantes tem algum grau de parentesco, estabelecido há pelo menos uma geração. Ficou dividido em duas metades, segundo uma linha reta que separa, em sentido perpendicular ao litoral, o lado que pertenceu à família Matos (até meados da década de 1960) do que fazia parte, ao que parece, de uma antiga Fazenda Areia Preta.

Antes era chamado de "Alto de BIBIANO" e antes, CANZUÁ. História dos antigos... Foi aqui que nasceu a festa do 2 de fevereiro, em homenagem a Yamanjá, a orixá protetora do mar e dos pescadores. Sendo aqui uma comunidade de pescadores....

O Alto da Sereia é registrado como Comunidade Quilombola pelo governo do Estado da Bahia (GOVERNO DA BAHIA, 2005, p. 9). Na história do Brasil muitos quilombos tornaram-se urbanos em função do crescimento acelerado das cidades nos séculos XIX e XX. "Engolidos" pelas cidades os quilombos foram envolvidos pelas áreas residenciais e urbanas recém-construídas, tornando-se alvo de intensa especulação imobiliária. E aí encontra-se o Alto da Sereia, em um momento de extrema especulação imobiliária.

"Em função da expansão dos centros urbanos, vários territórios quilombolas foram “inseridos” e se tornaram parte de um espaço até então compreendido como outro. No entanto, com base em uma origem negra escrava e movidos pelo desejo de manter ou reconquistar uma vida em comunidade, os quilombolas urbanos, bem como os quilombolas rurais, compartilham uma mesma história e um mesmo objetivo: a valorização de seu passado de luta e resistência. Assim se manifesta Walter da Silva, 56 anos, morador do quilombo Mangueiras, “não existe diferença entre quilombo urbano e quilombo rural. A questão é só localidade” (entrevista em 01/04/2007).

O quilombo urbano, segundo a pesquisadora Carril, se organiza em um meio que lhe é hostil: “No urbano, não se planta, não se pesca e nem se coletam frutos da mata. Na cidade fragmentada, os grupos se solidarizam para recuperar a auto-estima em situações de marginalização social” (Carril, 2006: 11). Para a pesquisadora, a identidade quilombola é construída em função de uma história de luta e escassez – e essa história comum unifica o que o contexto espacial parece dividir: o quilombo rural e o quilombo urbano." fonte:http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/brasil/mg/mg_quilombos_urbanos.html

Escudo do "Sereiano Futebol Clube", equipe do Alto da Sereia
Os moradores do morro da sereia enfrentam no dia a dia os desdobramentos de suas bases como quilombo urbano. São vários os desafios sociais: o desemprego, o subemprego, a falta de apoio da prefeitura para a coleta do lixo, da especulação imobiliária, da iluminação pública, da água.
E apesar de tantas dificuldades sociais e de infraestrutura, a magia do Morro geram em seus moradores um sentimento de identificação com o próprio morro, e daí brotam atitudes coletivas para a preservação e evolução do lugar. Tem dias em que um ou outro saem varrendo as escadarias de cima até em baixo, outros se unem e compram tinta para pintar algum poste ou algum corrimão, outro ensina as crianças a surfar... pequeninices assim... que fazem toda a diferença.


Alto da sereia, comunidade quilombola
 
 

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