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TELAMA LWIMBA-NGANGA, a Senda da Maestria

TELAMA LWIMBA-NGANGA, a Senda da Maestria


Abrem-se as Águas De Kalunga, o Poder do Todo no Todo, A Vida em Si Mesma, Revelando Segredos Dos Tempos, Movendo a Roda Da Existência, Trazendo a Medicina e o Poder da Cura.

KALUNGA E TELAMA, duas linhas vem Traçando com seu Pó de Giz PEMBA o Desenho Das Encruzilhadas do DIKENGA, a Mandala Cosmogônica do Povo Bakongo e suas Leis Circulares, Espirais e Solares.

Trata-se de uma Cruz de quatro cores AMARELO, PRETO, VERMELHO E BRANCO, que representam os quatro momentos do Sol em cores ligadas à essência dos ciclos da vida. O Fogo, o Sangue, o Sêmen, a Semente, as Cinzas, o Leite, os Ossos, a Terra, a Água, o Ar.

Em DIKENGA, a Linha de KALUNGA é uma Linha Horizontal, Que Separa NSEKE (a Dimensão Material) e MPEMBA (a Dimensão Espiritual), Guardando Segredos e Memórias Ancestrais Nas Passagens Entre as Dimensões.

TELAMA LWIMBA-NGANGA é como se chama a Linha Vertical do DIKENGA, a Linha da Maestria, das Escrevivências do Mestre, o Momento fundamental dentre os movimentos de DIKENGA, pois representa a conexão entre o Ponto Auge da Força Física (TUKULA) com o Ponto Auge da Força Espiritual (MUSSONI).

Qual Nossa Missão Na Vida? Por que estamos aqui? Para que estamos aqui? Como estamos escrevivendo nossa história? Como queremos ser lembrados na hora de nossa passagem de volta ao mundo espiritual?

               

Os BAKONGO acreditam que não é qualquer pessoa que morre que se torna um ancestral. Um ancestral é aquele que em vida, deixou um legado para sua comunidade. Depois de morrer, se ancestralizado, será invocado novamente a participar dos rituais espirituais para aconselhar sua comunidade, até os tempos imemoriais.

Desde o Ponto TUKULA, o Ser Vivente chamado MUNTU tem todas as possibilidades de se tornar um ancestral para sua comunidade, através de seus feitos e suas ações no mundo, se bem enraizado e conectado com consciência e foco em seu poder solar, em suas raízes ancestrais.

TUKULA é o Sol da Maturidade, Liderança, Criatividade, a Posição do NGANGA, o Mestre.  É Também o Ponto de grande Solidão, que nos Remete ao Silêncio das Estrelas, à Risada dos Ancestrais, Ao Pulsar da Placenta Mundo, ao Encontro com a Maturidade do Gesto exemplar pleno de força e vitalidade.

"GHANDA, ser iniciado, é entrar para o Círculo dos Mestres" (Kia Buneseki FUKIAU, Self Healing Power and Therapy).  

A palavra bakongo NGANGA, que significa Mestre, vem da raíz do verbo GHANGA,  que significa executar, fazer.

TUKULA vem do verbo raíz KULA, que significa amadurecer ou dominar. Todos somos chamados à maestria, trabalhar para melhorar nossas vidas e a vida de nossas comunidades. 

Fu Kiau nos diz que, para os Bakongo, traçando-se um V a partir da encruzilhada central de DIKENGA, da Linha de KALUNGA em direção à TUKULA, tem-se a posição do poder, da liderança, dos deuses – a Posição VANGA.

É precisa aterrar os pés no Chão do mundo material e transpassar o mundo espiritual até alcançar a morada dos ancestrais, para canalizar o potencial desta Posição.

Esta figura de Poder tem uma conexão especial com o ANKH Egípcio, um símbolo vitalício muito antigo nas tradições kemetianas, que está associado à vida ativa de um mestre na comunidade.

                                 

Para entender a conexão entre a posição VANGA, símbolo do NGANGA Desenhado no DIKENGA, o símbolo de ANKH e sua conexão com o Momento da Maestria, é necessário familiaridade com o conceito Africano dos Quatro Momentos do Sol, tão bem desenhado no DIKENGA, conhecido por diferentes nomes ao redor da Áfrika.

O DIKENGA, a Mandala cósmica Bakonga tem muita similaridade com o antigo Cosmograma kemetiano MAA AANKH.

Fu Kiau Nos Relembra que “Kongo refere-se a um grupo cultural, linguístico e histórico de pessoas que descendem do grande grupo Bantu, que migrou do sul da região do Rio Benue (Atualmente, Nigéria) para a Floresta Equatorial do Centro-Oeste Africano e Proximidades.

No Entanto, muito das raízes simbólicas e espirituais destes povos que abarcam o grande povo Bantu, tem sua origem nas antigas terras do Kemet, como bem sinaliza as similaridades entre as duas mandalas cósmicas.

DIKENGA.

AMARELO. O quadrante da Concepção em MUSSONI marca o início da vida, da fertilidade, da criatividade em DIKENGA, a mandala cósmica da existência.  A Explosão da Kalunga em corpos celestiais de fogo, que com o tempo vão se resfriando e tornando-se os planetas, sendo a Terra um deles, marca a Concepção da Vida, Quando se Deixa uma marca impressa no tempo, entre o Mundo do Visível e do Invisíve. Quando um Bebê Ganha sua Impressão Digital. Quando se planta uma semente na terra. Quando um casal decide ter um filho.

PRETO. Em KALA se Marca o Nascimento no mundo físico. A infância solar, o Crescimento, da Nutrição, o Aprendizado, o Movimento, a Esperança. Quando o fogo se resfria e dele nasce a água, que propicia o surgimento dos primeiros seres vivos no Planeta.

VERMELHO. TUKULA representa É o Poder do Sol de Meio Dia.  O Ápice da Força Vital e Criadora. A ação. O Auge do Poder Físico, em Conexão com o Poder Ancestral. O Instante-Já. Nossa Possibilidade de Nos Ancestralizar - Criar, Servir a Nossa Comunidade, Amadurecer. É quando surgem os animais de grande porte no planeta.

BRANCO. LUVEMBA é a Morte. O Pôr do Sol. Um novo ciclo do tempo vai se movimentar até que outra colisão lhe interrompa, para realizar um novo começo, para que um novo movimento do Tempo se inicie.

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LUVEMBA é o Momento de Viver o Mundo Espiritual, Refazer a Alma, desenvolver os sonhos e a Evolução. Logo depois de TUKULA, vem o Sol se Pondo, Caindo Na Linha de Kalunga, voltando para MPEMBA, o Mundo Espiritual, a Morada dos Ancestres.

De acordo com os ensinamentos Bantu-Kongo, Foi neste momento em que a Humanidade surgiu sobre o planeta Terra.  Durante a Era LUVEMBA foi que os ancestrais de Muntu – a Pessoa Humana – surgiram no Planeta Terra. Eram os MAGHÛNGU, ser andrógena, completo por si só. Esse ser mitológico era “Dois em Um”, Macho e Fêmea. Com o Passar do Tempo, MAGHÛNGU foi separado em dois seres: LUMBU e MUZITA, fêmea e macho. Para manter a unidade de quando eram MAGHÛNGU, LUMBU e MUZITA decidem permanecer juntos durante a Vida, tornando-se Marido e Mulher.

Quando o Muntu – a Pessoa Humana Surge na Terra em LUVEMBA, completa-se o Ciclo Cósmico do Planeta, iniciando-se o Estágio do Tempo ligado ao Ciclo Vital.

(a continuar...)

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Mo Maie,

Mariana, Outubro de 2020

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FONTES:

Bunseki, FU KIAU.

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