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Procesos Corpo Kalunga Reconvexo

Corpo Kalunga . Festival Reconvexo de Projeções Mapeadas. Cachoeira. Ba

Estou há alguns dias aquí em Cachoeira no Lab Dança, uma proposta de pesquisa e experimentação de procesos de criação entre performance, video arte e mapping. 

O trabalho começou com coleta de imagens que servissem de tradução de conceitos da filosofía bantú.

Os quatro ciclos da mandala da vida para os bantú e bakongo.

Criação, Nascimento, Amadurecimento e Morte.

O corpo Kalunga é um corpo à deriva, um corpo que navega entre os espaços urbanos, espaços de beira-mar. O corpo que tem a força do caçador, que concentra sua energia para observar e lança a intenção quando solta  a flecha.

Com o artista carioca Pablo Pablo, estamos criando pacotes visuais para cada um dos ciclos. Imagens que respeitam a circularidade da vida. Imagens que se conectam com os océanos pelos quais navegamos.

O espaço escolhido para a projeção foi um espaço liminar do centro de Cachoeira. Uma rua considerada desconsiderada como espaço aceito, espaço marginal. Rua das putas e vendedores de drogas, ao lado do cais do Rio Paraguassu.

Projetar nas fachadas é ressignificar  a fachada do prédio, abraçar sua marginalidade. E fazer o chamado para que o espaço público seja visto com outros olhares, com outras miradas.

A linha de Kalunga é um espaço de trânsito das energías de criação. Dos procesos criativos.

A imagem digital projetada na fachada cria nova vida durante a  performance, que se assume como política.

A performance corporal proposta é  trazer corpos para se mover em frente à projeção, explorando a espacialidade da fachada, a interação com a imagen refletida e uma rede de pesca.

A ideia de trabalhar com a rede também surge de uma inspiração do mundo ribeirinho e da beira-mar. Mas também propõe a discussão acerca do conceito de metalinguagem da rede imaterial que nos propõe as realidades virtuais e as redes da comunidade, dos procesos de comunicação e interação, as redes de criação.

Durante o proceso de criação das imagens a ser projetadas, caminos de caos tecnológico, nos levando a aceitar a condição do intante-já da projeção feita ao vivo, sem a criação de uma obra estática e fechada.

A projeção live nos permitirá trabalhar com repertorio de improvisação, entre a música, as imagens, o texto e a performance dos movimentos interagindo com a rede de pesca.

O corpo Kalunga clama por sua alma. Entre os artistas presentes na residência do festival, vem Vigas aportar fragmentos de imagens de sua obra “Alma”, que trata de um diálogo entre a ancestralidade e as novas tecnologias. Em uma das imagens de Alma, em que o artista traduz a imagem-conceito “Navio Negreiro”, objeto simbólico para os caminhos que se inter-cruzam através da linha de Kalunga, percebi a possibilidade de um diálogo entre as obras. Corpo Kalunga e Alma. Construído a partir de imagens em preto e branco, as imagens de “Alma” me impactaram sobretudo pelo efeito e a sensação geradas a partir de imagens pós modernas digitais manipuladas mas com teor de organismo e movimento. 

As janelas da fachada são recriadas com recortes de imagens, que se interpõem com imagens maiores dos fundos.

As janelas nos levam para outros universos.

A trilha sonora foi criada pelo artista soteropolitano Edbras Brasil.

Fotos Por Priscila Rodrigues

Corpo Kalunga . Festival Reconvexo de Projeções Mapeadas. Cachoeira. Ba

                            

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