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Camafeu, por Candeia

"Quem rezar por mim que o faça sambando." (Candeia)


Eu sou suspeita para falar sobre Candeia, é um dos sambistas cariocas com quem tenho maior afinidade musical, já que traz em suas composições e em seu modo de fazer samba a essência africana, que tão presente está em minhas buscas musicais.


"Samba de Roda (1975) é o disco mais africano de Candeia. Começa com “Brinde ao Cansaço”, dele próprio, e “Conselho de Vadio”, de Alvarenga, cantada em duo com a voz realmente cansada do integrante da velha guarda da Portela. O cansaço é exorcizado a seguir, numa sequência de sambas afro como “Camafeu”, de Martinho da Vila, sua capoeira “Sinhá Dona da Casa” e dois impactantes pot-pourris “de raiz”, “Seleção de Partido Alto” e “Motivos Folclóricos da Bahia”. Nesse último, brilhavam os berimbaus da capoeira e os toques de candomblé. Se o discurso racial não está mais tão presente nas letras, a musicalidade é pura negritude carioca, baiana, brasileira, pan-africana."


Candeia, Samba de Roda

Camafeu (Martinho da Vila)

- Camafeu, Okê Arô, Odé Kokê Maió
               Okê Arô

 Cadê Maria de São Pedro?
- Foi passear, e os passeios de Maria fez o Bahia chorar
- Maria foi lá pra longe
  Maria não vai mais voltar
  Mas deixou sua família pra seu nome cultuar

La La Ilá, Lá lá Ilá (2x)
Janaína, Janaína (2 x)

- Camafeu, cadê Mestre Pastinha?
- Tá com 80 pra lá e ainda joga capoeira com quem tem 20 pra cá
- E por Olga de Alaketu não precisa perguntar,
  Encontrei com Menininha perto do seu kazuá (Ora Iê Iê Ô!)

La La Ilá, Lá lá Ilá (2x)
Janaína, Janaína (2 x)

- Camafeu, Camafeu, cadê você?
  Estou em todo lugar, 
  Só vendendo bugingangas no Mercado Popular
  Se o mercado tá fechado, pego o barco e vou pescar.

Samba no mar (4x)
                       ( lá na Bahia, no Engenho Velho, no Zurica, Eba Marica, Mestre Branca, Odilica)


"Embora tenha começado a compor nos anos 50, Antonio Candeia Filho (1935 - 1978) somente estreou em disco em 1970, incentivado por Paulinho da Viola. Lançados originalmente entre 1970 e 1975. 
Samba de Roda primou pela diversidade rítmica, tendo apresentado jongos, pontos de capoeira, choro-canção, maculelê e, claro, samba de roda - como explicita Paulinho da Viola no texto que escreveu para o encarte do álbum. Temas como Alegria Perdida, parceria de Candeia com Wilson Moreira, são exemplos do tom melancólico que pautou boa parte da obra do compositor após 1965, ano em que ficou preso à cadeira de rodas por conta de cinco tiros levados em briga de trânsito. As reedições reproduzem as capas e contracapas originais.

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