Para que um sonho se
transforme em realidade, o primeiro que temos que fazer é acordar, assim
diz o dito. Posso dizer que recentemente um antigo sonho se transformou
em realidade, mas até ver tudo acontecendo no mundo real, tive que
virar noites mergulhada em trabalho e, principalmente, tive que
encontrar com pessoas dispostas a sonhar junto comigo.
A primeira vez que fui ao Marrocos foi há mais de cinco anos atrás. Fui guiada pelo desejo de me aprofundar no universo musical dos “Gnaoua”, um grupo étnico-cultural descendente de escravos vindos da África subhariana para trabalhar nas construções e no exército durante um Império Almohade. Uma história muito parecida com a de nossos escravos, que vieram de muitos cantos da África negra para trabalhar no Brasil nas plantações de cana-de-açúcar, nas minas de ouro e no trabalho doméstico. Vieram de muitos cantos e trouxeram consigo uma infinidade de línguas, comidas, mandingas, cantos e crenças.
Oficina de intercâmbio musical Afro Brasil Gnaoua, Essaouira, Marrocos |
A primeira vez que fui ao Marrocos foi há mais de cinco anos atrás. Fui guiada pelo desejo de me aprofundar no universo musical dos “Gnaoua”, um grupo étnico-cultural descendente de escravos vindos da África subhariana para trabalhar nas construções e no exército durante um Império Almohade. Uma história muito parecida com a de nossos escravos, que vieram de muitos cantos da África negra para trabalhar no Brasil nas plantações de cana-de-açúcar, nas minas de ouro e no trabalho doméstico. Vieram de muitos cantos e trouxeram consigo uma infinidade de línguas, comidas, mandingas, cantos e crenças.
Foi a partir dessas
similaridades geradas da diáspora africana do Brasil negro e do Marrocos
Gnaoua que começamos, com a amiga artista Ana Maria Fonseca, a bolar um
projeto musical que conectasse esses dois países já conectados
geograficamente pelas águas do Oceano Atlântico.
Lila Xire. Fusion Afrobrasil Gnaoua |
A partir da primeira
ideia, que era criar uma residência artística com a finalidade de
intercambiar música afro-brasileira e música marroquina, escrevi um
projeto e apresentei para o Programa Música Minas, que me contemplou com
passagens aéreas de ida e volta para o Marrocos. Para quem quiser saber
mais sobre o Programa, o link de duas páginas com várias informações
sobre editais e outras oportunidades para músicos mineiros:
Desde outubro de 2012,
este projeto desenvolveu oficinas de ritmos afro-brasileiros no Espaço
Municipal de Essaouira, Bastion Bab Marraquech. Nestas oficinas, que
foram gratuitas e abertas ao público, Ana Maria iniciou os participantes
em alguns ritmos brasileiros (como o Maracatu e o Congado).
Em dezembro, realizei a
grande viagem à Essaouira e pude facilitar vivências intensivas entre
ritmos brasileiros e marroquinos, ministrando oficinas de ritmos
afro-brasileiros e recebendo oficinas de música gnaoua dos músicos
marroquinos Aziz, Halid, Limini e Furat. Durante os processos de trocas
musicais das oficinas foi-se afinando a harmonia entre os participantes
a fim de realizar um cortejo pelas ruas da Medina antiga e preparar o
repertório musical para o espetáculo “Lila Xirê”, resultado da fusão da
música brasileira com a tradição gnaoua.
As oficinas foram
realizadas gratuitamente e abertas para todos da comunidade que
desejassem descobrir mais sobre a história da Confraria Gnaoua e da
música afro-brasileira, suas nuances, danças e ritmos.
Lila Xire |
Pode-se dizer, dessa maneira, que o projeto ainda não terminou, ao contrário, apenas começou. Inshallah.
As pontes culturais e
artísticas que se abriram continuam abertas e o público pede bis. Tudo
uma questão de acreditar nos sonhos e acordar.
Que lindo isso, e assim vamos construindo nossos sonhos, através da arte. A arte nos liberta e expande nosso olhar sobre o mundo. Só os loucos e sonhadores, loucos por entender que na pluralidade, é possível fazer arte, é possível sonhar e compartilhar dessas vivências que proporciona ao ser a sua libertação, a sua grandiosidade... que transforma o mundo num espaço de encantamento, num espaço de humanidades. Parabéns, me sinto feliz por poder partilhar desses sonhos afro-brasileiros, fazendo poesia com a fotografia.
ResponderExcluir